A Figura: Király

Primeiro segundo do Áustria-Hungria e Gábor Király fez história em 56 anos de Campeonatos da Europa de futebol. O guarda-redes da Hungria tornou-se o mais velho de sempre a jogar num Europeu. Fê-lo aos 40 anos e 74 dias. Király, o guarda-redes das calças de fato de treino bateu um recorde com 16 anos de duração, que estava na posse de Lothar Mattäus desde 20 de junho de 2000. O jogador era até esta terça-feira o mais velho ao ter jogado o Portugal-Alemanha (3-0) do Euro 2000.

Király celebrou esta marca com uma importante vitória sobre a Áustria 44 anos depois da última participação da Hungria num Europeu. E teve um bom par de defesas (aos 10 e aos 35 minutos com o jogo a zeros) para dar brilho à marca atingida; além da intervenção segura ao (já referido) remate de Arnautovic. Matthäus prontificou-se a dar os parabéns ao húngaro.

As coincidências das datas fazem com que se tenham cumprido nesta terça-feira 36 anos desde o primeiro jogo internacional do antigo jogador da Alemanha.

O Momento: o golo da Islândia

Estava tudo a correr dentro do figurino até ao minuto 50 do jogo. A equipa mais forte – e que estava a ser melhor em campo - estava à frente do marcador, o adversário parecia dominado e Portugal procurava o golo que daria tranquilidade pelo conforto no marcador. Mas a Islândia conseguiu fazer valer a força do seu jogo. E marcou, numa jogada que resultou do que mostrou que tinha para dar. A meias com o desacerto defensivo português que, afinal, não tinha controlado por completo a estratégia adversária.

O lance decorreu – e começou – como os islandeses já tinham feito sua regra na primeira parte ganhando metros com bolas pelo ar e sendo superior de cabeça na meio campo defensivo. Assim aconteceu com Sigthorsson a ganhar nas alturas a Danilo, Gudmundsson a captar a bola e a centrar para uma área portuguesa onde a desconcertação entre marcação zonal e individual traduzida pelo desacerto entre Pepe e Vieirinha permitiram que Bjarnason aparecesse nas costas do último defesa português para bater Rui Patrício.

Estava feito o empate em Saint-Étienne e marcado o primeiro golo da história do futebol islandês em grandes competições de seleções naquela que é a estreia do país nórdico numa fase final.

A Deceção: Cristiano Ronaldo

Tantos remates sem conseguir um golo não é normal para o capitão da seleção portuguesa. Mas aconteceu, Cristiano Ronaldo ficou em branco. Aos 85 minutos, Ronaldo teve na cabeça excelente hipótese de desfazer o empate (1-1) com a Islândia e colocar Portugal na frente do marcador no jogo de estreia no Euro 2016. Atirou à figura para defesa do guarda-redes.

No segundo jogo do dia do Grupo F – sucedendo à vitória da Hungria sobre a Áustria – Portugal tinha obrigação, como favorito, de vencer o adversário menos cotado do agrupamento. Ronaldo também tinha obrigação de fazer mais. Aquele cabeceamento a cinco minutos do fim, que o guarda-redes Halldorsson defendeu a dois tempos, foi o primeiro remate de Ronaldo acertou na baliza. E foi o único em todo o jogo.

No total de dez remates que fez durante o jogo, Ronaldo teve muito pouco acerto, assim como teve a sua exibição em geral. Em dois minutos consecutivos da primeira parte, parecia que ia ser diferente. Primeiro, Ronaldo desequilibra na esquerda do ataque e faz um passe que Nani não consegue transformar em golo. Logo a seguir não consegue ele mesmo fazer golo depois de um passe longo de Pepe que o deixou na cara de Halldorsson.

Nesse lance, Ronaldo não conseguiu acertar na bola e o brilho que o capitão português ainda prometeu dar ao jogo acabou por esfumar-se por essa altura. Ronaldo carrega nos ombros em última instância a pressão nacional para os bons resultados. Mas isso acontece também porque o nível a que ele habituou não é o do comum dos mortais – acabou de igualar Luís Figo como o mais internacional de sempre por Portugal (127). E é também por isso que a sua exibição desta terça-feira desiludiu mais do que as de muitos outros.

A Revelação: Kleinheisler

Excelente jogo do jovem médio da Hungria que fez nesta terça-feira apenas o sexto jogo pela sua seleção. Mas foi ele que encheu o meio-campo da sua equipa (contando com a importante participação de Nagy). Lázló Kleinheisler puxou a sua equipa para o meio campo da Áustria e foi talvez o principal responsável para que os magiares passassem de equipa dominada a dominadora em ambas aa partes do jogo.

O jogador do Werder Bremen criou mais do que uma ocasião de golo para a Hungria e acabou mesmo por ser decisivo no segundo tempo quando inventou com Szalai a jogada do primeiro golo da Hungria assistindo (com uma tabela) o ponta de lança da equipa.

Não foi por acaso – muito menos com surpresa – que o jovem médio de 22 anos foi eleito o Homem do Jogo do Áustria-Hungria (2-0) desta terça-feira.

A frase do dia

«Esta é a primeira vez que eu dou uma conferência de imprensa»

As palavras são de László Kleinheisler.

As razões da conferência de imprensa foram explicitadas (acima) quando, a propósito da revelação deste quinto dia do Euro 2016, se viu também que o jogador da Hungria foi considerado o mais valioso do jogo com a Áustria.

Depois do espanto pela sua primeira conferência de imprensa em nome próprio, Kleinheisler disse de sua justiça: «Fizemos um grande jogo como equipa. Este jogo foi ganho por todos.» «Estivemos concentrados e merecemos a vitória», acrescentou o médio húngaro de 22 anos.