Algumas dezenas dos mais de quatro mil voluntários que colaboraram na organização do Euro-2004 ainda não receberam o subsídio a que tinham direito para cobrir despesas de alimentação e transportes. O Instituto Português da Juventude, responsável pelo recrutamento dos voluntários, recebeu várias queixas e tem procurado pressionar a administração da Euro-2004 SA a efectuar os pagamentos em causa antes da sua liquidação. A Euro-2004 SA, por seu lado, responsabiliza o IPJ pelo atraso nos pagamentos e garante que não vai haver liquidação antes das contas estarem todas saldadas.
António Florêncio, director de Comunicação da Euro-2004 SA, reconhece que os voluntários «têm razão» nas suas pretensões, mas atribui «grande parte da responsabilidade neste processo a alguma ineficácia do IPJ» no que respeita ao fornecimento dos dados necessários para que os pagamentos possam ser efectuados. António Florêncio avança, a título de exemplo, que alguns pagamentos foram devolvidos, «até com encargos para a Euro-2004 SA», devido a NIB (Números de Identificação Bancária) que estavam errados.
Os voluntários estiveram ao serviço da Euro-2004 SA ao longo de mais de um mês, alguns deles com turnos alargados a dez horas e receberam vários elogios e louvores da parte da organização e da própria UEFA. Estava estipulado que cada voluntário, apesar do seu serviço não ser remunerado, ter direito a um subsídio de 20 euros diários para cobrir despesas de alimentação e transportes.
É este subsídio que algumas dezenas de voluntários se queixam de ainda não ter recebido e, na carta dirigida às redacções de vários órgãos de comunicação social, os voluntários manifestam o receio de que nunca cheguem a ver a cor do dinheiro, denunciando que a liquidação da Euro-2004 SA está para breve.
António Florêncio garante que todos os voluntários vão receber as verbas a que têm direito e que a Euro-2004 só poderá mesmo ser liquidada depois de ter todas as contas em dia, o que não deverá acontecer antes de Dezembro. «Grande parte das contas já foram saldadas e as que faltam também o vão ser, até porque a sociedade não pode ser liquidada sem acertar as contas, o que terá de acontecer forçosamente até ao final de Dezembro», explicou.
Além dos voluntários, a Polícia de Segurança Pública (PSP) também se queixou do atraso no pagamento de despesas que foram efectuadas ao longo do Euro-2004, mas neste caso, António Florêncio explica o atraso «devido à ausência de facturas» que justifiquem as despesas efectuadas.