Esteve em Tripoli, há menos de 15 dias e, na altura, garante, estava tudo calmo. Djamal, médio do Beira Mar e único jogador líbio a actuar em Portugal, não fica surpreendido pela chegada dos tumultos ao seu país. A «contaminação» era inevitável e, agora, só espera que nada aconteça aos familiares e amigos que tem no território onde Khadafi está a ser cada vez mais contestado.

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«Por enquanto, sei que estão bem. Falei há pouco para lá e não tiveram problemas. Tenho lá vários primos, em Benghazi [segunda maior cidade da Líbia], muita gente de quem gosto e com quem me preocupo. Não digo que estou angustiado mas chateia-me um pouco tudo isto. Não gostava nada que alguém levasse com uma bala perdida...», desabafa o jogador ao Maisfutebol.

Há duas semanas, quando a Líbia jogou com o Benin, Djamal assegura nada ter visto de especial, mas já desconfiava que algo poderia acontecer. «O povo líbio é pacífico mas com tudo o que se tem passado na Tunísia, Egipto, mais as tentativas falhadas em Marrocos e Argélia, já era de esperar uma tentativa de revolução. Penso, ainda assim, que as coisas não estão assim tão más. As televisões também exageram um pouco.»

O médio aveirense não acredita que os protestos possam levar à queda do histórico líder do país, ao contrário do que aconteceu em nações limítrofes: «No Egipto estava metade da população contra o presidente e outra a favor, enquanto aqui é uma minoria que tenta a sua sorte. Talvez apenas um terço das pessoas. Depois da contestação ter percorrido tantos países magrebinos, na Líbia pensaram: por que não fazermos o mesmo? Mas penso que não terão hipóteses contra o exército.»