O Chipre está na moda para os futebolistas portugueses. É raro ver uma equipa sem um jogador que não tenha nascido no nosso país. Se o APOEL, com quatro lusitanos, esteve esta época nas bocas do mundo pela fantástica campanha na Liga dos Campeões, o que dizer do Doxa?

No último fim de semana, esta equipa com 12 portugueses garantiu a promoção ao principal escalão do Chipre. Agora luta pelo título da 2ª divisão. Apesar de ter perdido o primeiro jogo da Fase de Apuramento de Campeão, a vitória final ainda é possível.

«Os cipriotas é que são os estrangeiros no balneário»

No Doxa jogam doze portugueses! O Maisfutebol entrevistou dois deles. Gonçalo Costa e Cuco vestem a camisola da equipa sediada em Nicósia desde o início da época. Para Gonçalo, «a experiência tem sido positiva». «Tenho 21 anos e estou perto de ganhar um título.»

Contudo, nem tudo foi um mar de rosas. «Por vezes não é fácil lidar com a forma com que alguns técnicos, fãs e dirigentes veem o futebol. Criam situações complicadas, mas felizmente foram ultrapassadas».

Apesar da ida para um país com mentalidade distinta, a adaptação não foi complicada. «A alimentação é parecida, as pessoas são carinhosas e o jogador português é bem visto», refere Gonçalo.

Já Cuco, capitão da equipa cipriota, diz que a preparação feita antes de ir para o novo país ajudou muito. «Tentei informar-me ao máximo do que há de pior no Chipre, para me vacinar contra esses males».

E ter uma comunidade portuguesa tão grande ajudou muito. «Encontrei um bom ambiente na equipa. Os cipriotas é que são os estrangeiros no balneário», disse.

«Doxa é como o Belenenses ou a Académica»

E como é vista uma equipa onde os portugueses se sentem em casa? Os adeptos do clube gostam, pelos vistos, e apoiam uma formação que tem um futebol atrativo. Mesmo os apoiantes dos adversários respeitam o Doxa. Cuco compara o clube ao «Belenenses e à Académica». «É um clube popular e que toda a gente gosta. Mas não luta por títulos».

Quem não acha muita piada à «Portugalidade» do campeonato são os jogadores das equipas cipriotas que têm menos estrangeiros. «Temos que ouvir algumas bocas como ¿vocês vêm para aqui e ocupam o nosso lugar¿»declara Gonçalo. O médio Cuco concorda e até brinca com a situação «Sentimos alguma descriminação, mas nós acrescentamos qualidade. Daqui a alguns anos vão existir mais portugueses que cipriotas na ilha» disse.

O melhor futebol da 2ª divisão

A qualidade de futebol que o Doxa pratica mereceu ao longo da época grande destaque por parte dos media locais. Se o estilo de jogo do primeiro escalão já não tem muita fama, o que dizer das características da segunda divisão?

«É um campeonato competitivo. Os jogadores não são evoluídos tecnicamente, mas são lutadores e têm espírito de sacrifício. Todos os jogos são muito combativos», destaca Gonçalo Costa.

Para Cuco, «os adversários preocupam-se mais em não deixar jogar». «Parece que fazem de propósito. As características do Doxa são o oposto das outras formações. Somos claramente uma equipa de 1ª Liga».

O clube também merece algumas críticas por parte de Gonçalo Costa. «Tem algumas limitações ao nível da organização, mas as coisas vão-se fazendo». Cuco compara com os clubes portugueses e afirma que «aqui no Chipre há menos organização».

Contudo, em comparação com os outros clubes da ilha do Mediterrâneo, «o Doxa deve ser dos mais profissionais».

Um jogo do Doxa: