«Não me digas que vais embora?», perguntou Simão Sabrosa a Edite Fernandes, nesta quarta-feira, no Vicente Calderón, minutos antes da reunião da colega portuguesa com a direcção do futebol feminino do At. Madrid para anunciar que estava de saída.

Edite Fernandes, de 30 anos, vai jogar no FK Donn da Noruega, na sétima melhor liga profissional de futebol feminino do mundo. É a única portuguesa a conseguir tamanho feito e pela segunda vez, depois da experiência na China. Desta feita o contrato é maior, até Dezembro, com outra época de opção.

«Que mais posso querer? É a realização de um sonho. Quero viver o meu sonho. E não vou olhar para trás», começou por dizer a jogadora portuguesa, em conversa com o Maisfutebol.

O campeonato começou a 5 de Abril, em Março o FK Donn queria já contar com Edite Fernandes, mas o contrato com o At. Madrid válido até 30 de Junho não lhe permitiu agarrar desde logo no sonho. O último compromisso será, o mais tardar, a 6 de Junho, data da final da Taça de Espanha, objectivo perseguido também pela equipa feminina dos «colchoneros». O clube norueguês não desistiu, Edite ficou ainda mais feliz.

«A oportunidade apareceu sem a procurar. Fui contactada em Janeiro e em Março queriam que me juntasse a eles, mas não podia. Ainda pensei: se vou dizer que só em Junho é que estarei disponível não vão querer-me mais, mas quiseram», contou a internacional portuguesa.

Jogar numa das ligas mais competitivas do mundo não a assusta, muito menos o que esperam de si: golos. Foi por isso que a contrataram e é isso que espera dar em troca. «Obviamente, tenho receio, mas não passa pelo lado desportivo. Sei que vai ser um campeonato mais competitivo e físico, mas estou preparada. Estão à minha espera para fazer golos e com essa pressão lido bem. O meu maior receio é o que me espera naquele país, em termos de clima, hábitos e cultura, por exemplo», assumiu.

Na Noruega sabe que a espera «um clube pequeno, que subiu nesta época à liga principal», mas também a independência financeira, já que em termos monetários será «muito compensatório». Sabe também que vai fazer parte de uma equipa jovem e que será uma das mais velhas. «Nestes países, a idade não os preocupa, apenas a qualidade. Já em Espanha são mais retrógrados e ou és muito boa ou não tens hipótese», lamentou.

Para atenuar as saudades de casa terá a companhia do mar em Kristiansand, no sudeste norueguês. «A cidade em si é boa, acolhedora, tem mar e enche-se de turistas nos fins-de-semana, pois é das zonas mais amenas do país», disse, com agrado.

Edite Fernandes começou a jogar no Boavista, mudando-se com 19 anos para o 1º Dezembro, onde permaneceu oito épocas. Entre 2006 e 2009 representou o Team Beijing, da China, a sua primeira experiência profissional, ainda que apenas durante quatro meses. Fez também uma pré-época no Arsenal, de Inglaterra, mas não ficou. Seguiu-se Mérida, Estudiantes de Huelva e Prainsa Zaragoza. No início da época assinou pelo At. Madrid. É capitã da Selecção A e contabiliza 87 internacionalizações.