«O Sp. Braga tem crescido e tanto o clube como os jogadores começam a ter outro estatuto.»

Hélder Barbosa, o sexto elemento de sete que integram a comitiva arsenalista, explicou desta forma a aposta de Paulo Bento em grande parte da estrutura do Sp. Braga. É uma viagem até ao Gabão, mas isso são outros quinhentos.

Antes de mais, é o êxito de uma política que, sem afetar a vertente desportiva, transformou o clube do Minho numa referência em cada convocatória da seleção.

O Sp. Braga utilizou sete portugueses em Alvalade, contra um do Sporting (Rui Patrício), dois do Benfica em Vila do Conde (André Almeida e Miguel Vítor) e três do F.C. Porto na receção à Académica (João Moutinho, Varela e Castro). Custódio falhou o reencontro com o Sporting devido a castigo.

Nesta altura, é fácil imaginar a resposta de um jogador português com vontade de crescer e encontrar o seu espaço na seleção: «Quero o Sp. Braga».

Não é ter por ter. É ter para usar. Tanto que Paulo Bento começou a interessar-se pela dinâmica, reforçada com a entrada de José Peseiro, e passou a chamar todo o arsenalista com uma média interessante de utilização.

O mérito do Sp. Braga não está propriamente na formação. Beto, Custódio, Ruben Amorim, Hugo Viana, Ruben Micael, Éder e Hélder Barbosa cresceram noutros pontos geográficos. Mas o reaproveitamento de ativos desperdiçados pelos históricos grandes é fenomenal.

A 18 de maio de 2011, na final portuguesa da Liga Europa, entre os 27 jogadores utilizados, 20 tinham outras nacionalidades. Curiosamente, no F.C. Porto, Beto e Ruben Micael foram suplentes não utilizados.

De então para cá, F.C. Porto, Benfica e mesmo Sporting diminuíram - ainda mais - a aposta efetiva em portugueses com mais de 23 anos. As equipas B soam a plano para o futuro, como tantos outros que surgiram e se perderam.

A crise deverá ter um efeito positivo neste panorama.

Por enquanto, se fosse jogador e sonhasse com a seleção nacional, não teria dúvidas: quereria o Sp. Braga.

Entre Linhas é um espaço de opinião com origem em declarações de treinadores e jogadores, os desejados protagonistas. Autoria de Vítor Hugo Alvarenga, jornalista do Maisfutebol (valvarenga@mediacapital.pt). Siga-o no Twitter .