Eric Dier considera a última época do Sporting «terrível», mas acrescenta que numa perspetiva egoísta consegue retirar coisas positivas da desgraça do clube: o defesa inglês diz que para um jovem é positivo ter uma experiência tão difícil logo na estreia.

«Passamos por muitas coisas no ano passado: mudámos de treindor duas vezes, depois de um início realmente terrível. Foi muito mau, mas de certa forma foi bom que eu tenha passado por isso numa idade tão jovem», referiu Eric Dier.

«Vou ter essa experiência para o resto da minha vida e de uma forma egoísta, foi muita sorte para mim.»

«Mas houve mudanças drásticas agora, com um novo presidente, um novo treinador e novas pessoas ao redor da academia. Ainda está toda a gente a adaptar-se, mas estamos a ganhar muito e tudo está a correr bem.»

Eric Dier falou em entrevista à revista Rabona, uma nova publicação inglesa que vai estar em breve nas bancas, sendo um dos destaques do número um da nova revista. Numa longa conversa de várias páginas, o defesa do Sporting falou do início da carreira e da evolução em Alcochete.

Diz por exemplo que no início era um inglês em Portugal, um miúdo que só falava inglês, que andava numa escola inglesa, que tinha amigos ingleses e que só seguia o campeonato inglês. Estava no Sporting, mas desconhecia por completo os pergaminhos da formação leonina.

«Quando fui morar para a Academia, com 13 anos, havia fotos de Ronaldo, Figo e Nani nas paredes para nos lembrar disso mesmo», esclarece.

Por que a formação do Sporting funciona tão bem?

Desafiado a explicar por que as escolas de formação do Sporting funcionam tão bem, o inglês garantiu que é difícil apresentar só um motivo.

«Eu sempre achei que os treinadores se adaptam muito bem às nossas idades. Eles deixam-nos expressarmo-nos e sermos nós próprios. São rigorosos, mas autorizavam-nos a jogar à bola: um defesa não defende só, pode ir à frente, por exemplo.»

«Outra coisa importante é que eles gostam de sejamos nós a descobrir quando fazemos algo errado ou alguma coisa certa, em vez de serem eles na dizer-nos. Isso faz-nos pensar por nós mesmos.»

Veio para Portugal para ninguém se matar dentro de casa

Dier contou de resto que veio para Portugal quando era criança porque os pais se apaixonaram pelo país. «Somos uma família grande e como aqui o tempo é melhor e podemos andar todo o dia na rua, eles acharam que assim não passaríamos o dia todo em casa a matar-nos uns aos outros.»

A partir daí veio o Sporting, a Academia e o empréstimo ao Everton.

«Foi uma espécie de salvação, na verdade», confessou. «Eu estava a ficar muito preguiçoso no Sporting. As coisas tinham-se tornado muito fácieis e eu tornei-me desleixado. O meu pai sentiu que eu precisava de uma mudança de ambiente para manter os pés no chão.»

Em Inglaterra Eric Dier encontrou um futebol, e uma mentalidade, completamente diferente. «Não posso dizer que uma maneira é certa e outra é errada. O futebol em Inglaterrra é muito mais rápido, vai para trás e para a frente sem parar. De repente, um jogador está sempre envolvido.»

Fez-lhe bem por isso, e no regresso a Portugal Eric Dier começou a jogar na equipa B, para a meio da época ser promovido à equipa principal. Jogou a central, a lateral direito e a trinco. Cresceu e hoje faz definitivamente parte do plantel principal.

«Sabemos que estamos longe de ser um produto final. Depois do que aconteceu na última época não faz sentido criar expectativas que podemos não ser capazes de cumprir. Mas o Sporting tem que competir, e nós estamos a competir.»