Dionísio Castro, ex-atleta e sócio da empresa LP Brothers, que se dedica à gestão de carreiras desportivas, teve um papel fundamental no volte-face do Estoril. «Vinte minutos antes do encontro, metade dos jogadores do Estoril já estavam em casa e os do Barreirense já estavam a tomar banho, cantando vitória. O meu maior mérito foi impedir isso. Agora vamos negociar, pois tenho investidores que estão dispostos a entrar no capital da SAD. Aliás, já tinha apresentado uma proposta anteriormente», revelou Dionísio Castro ao Maisfutebol, optando por manter o anonimato dos parceiros financeiros. António Figueiredo, presidente da SAD do Estoril, admite manter conversações com Dionísio Castro, congratulando-se com a anulação da anunciada greve dos jogadores para o encontro da 16ª jornada da Liga de Honra, que terminou com a vitória do Estoril, por 2-1.
«As negociação estão a decorrer com o accionista maioritário da SAD (ndr. Southern Cross), apenas servimos de ponte entre as partes. A solução apresentada pelo grupo de investidores representado por Dionísio Castro é uma de várias que existem. Aliás, ontem (ndr. terça-feira), só não foi apresentada essa solução aos jogadores porque não existiam garantias, a nível financeiro. Esse foi o nosso problema, porque dois meses e meio de salário em atraso existem em quase todos os clubes, mas nunca quisemos enconder a verdade dos jogadores», explica António Figueiredo.
Dionísio Castro não se alongou sobre o assunto, lembrando apenas que se disponibilizou a ajudar porque não queria ver mais um clube a fechar as portas. «Represento dois jogadores do Estoril, o Dado e o Williams, e não estava disposto a ver mais um clube fechar. O que disse e o que fiz? O mais importante foi que houve jogo e que o Estoril tem mais três pontos. Agora, vamos negociar e tentar ajudar o clube», concretizou, laconicamente, o ex-atleta.
Face aos salários em atraso, os jogadores marcaram uma greve para esta quarta-feira, dia da recepção ao Barreirense, e chegaram a abandonar o recinto estorilista pouco antes do início da partida. Porém, pouco depois da chegada ao local de Dionísio Castro, numa altura em que as forças policiais já se haviam retirado e os jogadores do Barreirense tomavam banho para festejar a anunciada vitória, deu-se um volte-face e o Estoril acabou por entrar em campo para uma partida que começou com 17 minutos de atraso e terminou com a vitória dos locais.
António Figueiredo lamenta as condicionantes que levaram a esta situação, mas mostra-se esperançado para o futuro, enaltecendo o brio profissional dos jogadores. «Depois do que vi hoje, acredito que será possível encontrar uma solução. Só me resta agradecer aos jogadores, que deram uma prova de grande profissionalismo, brio e dedicação. Lamento que a Southern Cross, que tem 40 por cento do capital da SAD, tenha exigido a nossa continuidade, no início da época, e depois não tenha cumprido com os compromissos financeiros. Foi isso que nos colocou nesta situação. O Estoril é um meio pequeno, a autarquia não nos pode ajudar como outras, como a de Matosinhos, fizeram aos seus clubes, e não há aqui grandes indústrias, pelo que é muito difícil arranjar apoios, para além do Casino do Estoril, que já é nosso patrocinador», concluiu o dirigente do clube lisboeta.