O Alverca venceu o Estrela da Amadora por 2-1 no Estádio José Gomes e cumpriu, finalmente, o seu grande objectivo da época: a manutenção. Um objectivo que se complicou na parte final, curiosamente, depois de Jesualdo Ferreira ter anuciado, depois da vitória sobre o Gil Vicente, no início de Março, que necessitava de apenas três ou quatro pontos. O treinador do Alverca teve de esperar cinco jornadas para conseguir os pontos que pediu. O Estrela, por seu lado, está definitivamente condenado à despromoção. 

Carlos Brito apresentou uma equipa renovada. As alterações não se limitaram a duas ou três trocas de jogadores mas, sobretudo, ao modo de estar em campo. Assumida a despromoção, os jogadores libertaram-se da pressão e surgiram soltos e alegres em campo. Uma atitude que surpreendeu os ribatejanos que não contavam com esta nova faceta do Estrela. Rápidos e acutilantes, os três avançados da Reboleira provocaram alvoroço na área de Paulo Santos no início da partida. Logo aos cinco minutos, Paulo Ferreira surgiu rápido pela esquerda e cruzou para a área. Veríssimo, confiante, viu a bola passar por cima, e só se apercebeu do erro cometido quando se virou para trás e viu Gaúcho I, à vontade, a cabecear para golo. 

Tudo mais complicado para o Alverca que gosta de defrontar equipas sobre pressão e actuar em contra-ataque. Em desvantagem os ribatejanos não sabem jogar. O Estrela, confiante com o golo conseguido, abriu ainda mais a sua frente de ataque. Tinha muito pouco a perder e os ribatejanos passavam por um período de clara desorientação. As oportunidades sucederam-se e, cada vez que o Estrela desperdiçava um golo, tornava-se ainda mais agressivo. A equipa de Carlos Brito atacava de forma totalmente desinibida e inconsciente, sem qualquer preocupação com os espaços, cada vez maiores, que ia deixando nas suas costas. O inevitável tinha de acontecer. 

O Alverca aguentou o primeiro embate e, logo que conseguiu reposicionar-se em campo, chegou ao empate. Quando o Estrela se lançava para mais uma investida, Diogo interceptou uma bola e, depois de uma tabelinha com Ricardo Carvalho, Ramires isolou-se na área. Os jogadores do Estrela reclamaram por fora-de-jogo, mas o extremo prosseguiu na sua caminhada para a baliza de Luís Vasco e bateu o guarda-redes do Estrela. 

Picados e sem se terem apercebido do erro, os jogadores do Estrela aumentaram a intensidade dos seus ataques. Mas, agora, o Alverca estava nas suas sete quintas. Cedeu o meio-campo ao adversário e preparou as armas para a estocada final. Com calma. Até ao intervalo, permitiu que o Estrela dominasse e chegasse quase à euforia na procura de novo golo. 

No segundo tempo, o Alverca montou a ratoeira para o Estrela. Caju, no centro do terreno, estava encarregado de gerir todo o ataque dos ribatejanos. Com Ramires na direita, Rui Borges na esquerda e Mantorras pela frente, o brasileiro começou a distribuir jogo e a solicitar a velocidade dos três homens da frente, sempre bem apoiado por Diogo nas suas costas. O Estrela continuou no estado de euforia com que tinha terminado o primeiro tempo e não se apercebeu do que estava para vir. Com um passe soberbo, a apanhar a defesa do Estrela em contra-pé, Cajú lançou Mantorras em velocidade. O angolano, até aqui discreto, disparou na direcção da baliza de Luís Vasco e praticamente ignorou a saída do guarda-redes, passando por ele antes de atirar para a baliza vazia. 

O Estrela rapidamente entrou em colapso e voltou a ser o mesmo Estrela de sempre. Complexado, confuso e inconsequente. Jesualdo Ferreira reforçou a sua defesa, Carlos Brito arriscou tudo no ataque. O Estrela conseguiu apenas criar muita confusão na área do Alverca que, de vez em quando, lá conseguia libertar Ramires ou Mantorras numa corrida limpa para a área de Luís Vasco. Djalma, já nos derradeiros instantes, ainda tentou o empate na marcação de dois livres. Sem consequência. 

O Alverca foi um justo vencedor e conseguiu finalmente cumprir o objectivo há muito traçado. Ao Estrela resta procurar terminar o campeonato com alguma dignidade. O que demonstrou hoje no primeiro tempo pode ser um bom ponto de partida.