*Enviado-especial ao Euro 2016

A FIGURA

Cristiano Ronaldo

Pela negativa, claro. O tempo é de festa, mas não se podem negar as evidências. Teve quatro ou cinco oportunidades para marcar e o que é normal – que aproveite a maior parte – voltou a não ser regra. O capitão falhou a todos os níveis. Falhou inclusive duas vezes na bola no remate, e outra no domínio na pequena área. Voltou aos dias maus. E este foi um dia muito mau, que apenas se salvou ao dar o tom certo ao desempate por penáltis.

Pepe e Fonte

Apresentam estilos diferentes, mas formaram uma dupla coesa. O central do Real Madrid teve dois momentos em que chegou tarde à bola, primeiro a Lewandowski, na primeira parte, com Patrício a encaixar o remate, depois a Milik, novamente a obrigar Patrício à defesa da noite. Mesmo assim esteve insuperável no jogo aéreo, e terá sido, com distância, o melhor em campo. Fonte é sempre mais posicional que o colega, e teve uma abordagem bem menos frenética ao jogo, somando cortes importantes.

Rui Patrício

A defesa da noite é sua, após desvio de Milik. Um voo nada fácil, picado, que segurou o resultado no empate a uma bola, que se prolongaria até ao desempate por penáltis. Antes, já tinha sido obrigado a defender com dificuldade um remate de Grosicki, que desviou em Cédric. Depois, foi a altura dos penáltis e atirou-se para a qualificação no remate de Blaszczykowski. Magistral.

Renato Sanches

Aquela energia, aquela força indomável, durou 45 minutos, se tanto. Foi fundamental com a posse da bola, mas perdeu-se em correrias desmedidas, esgotando-se, quando a equipa tentava travar a saída de bola polaca. Passou para um flanco, depois para outro, durou incrivelmente até ao final do prolongamento e ainda marcou um penálti, mas já não era o mesmo há muito tempo.

As entradas de Moutinho e Danilo

Aquele passe de rotura que ainda lhe exigem, e cuja ausência deste Europeu tanto criticaram, saiu poucos momentos de entrar em campo. Uma assistência perfeita, que se perdeu na tentativa de remate falhada de pé esquerdo de Cristiano. Ajudou a dar algumas ideias a um meio-campo que era bem mais de combate do que construção. Danilo, por sua vez, emprestou a sua força, e apagou vários fogos.  

Grosicki

Fez a vida negra a Cédric, e não perdeu tempo. Fê-lo na primeira jogada, e deu golo de Lewandowski. Depois, o lateral português, com o tempo, conseguiu reequilibrar a batalha, ganhando lances e perdendo outros, e sobretudo contendo a vertigem por aí.

Lewandowski

O melhor nove do mundo, segundo o seu treinador. Tem razão Nawalka, que até atribui ao seu ponta de lança outras funções, de organização de jogo, tal a qualidade que tem. Teve uma oportunidade e não perdoou. É isso que lhe é pedido. Grande craque. E apenas hoje se estreou a marcar no Euro 2016.

Meio-campo polaco

Grande qualidade em Krychowiak, Maczynski e Blaszczykowski, jogadores que dão outra versatilidade a uma equipa talhada para explodir em transições. Muito bom o controlo de muitos momentos do encontro, sobretudo no primeiro tempo, em que Portugal andava em busca de uma estratégia eficaz para travar a saída de bola polaca.