O Maisfutebol volta a ser o jornal português escolhido pelo «The Guardian» para uma troca de conteúdos a nível europeu, e que integra outros meios de comunicação do continente. Desta vez o pretexto é o Campeonato da Europa sub-21, e desta parceria resulta uma análise às seleções finalistas, escrita por jornalistas do respetivo país.

Eis a apresentação da sete seleções que, juntamente com Portugal, vão disputar o Euro:


GRUPO A

DINAMARCA



As expectativas em redor da seleção dinamarquesa de sub-21 nunca foram tão elevadas, com os especialistas a considerarem que se trata da melhor geração alguma vez produzida.

Quase todos os jogadores atuam regularmente pelos seus clubes, e estão todos familiarizados com o sistema de jogo, o 4x3x3 ao estilo do Ajax. Por trás de tudo isto está o selecionador principal, Morten Olsen, que implementou uma estratégia em 2007 (linha vermelha) que determina que todas as seleções jovens usam o mesmo sistema. Os treinadores estão autorizados a mudá-lo, se necessário, mas a filosofia-base é sempre a mesma.

Todos os jogadores sabem assim o seu papel em campo, e foram educados no espíito de conservar a posse de bola. Os resultados falam por si: ficaram em primeiro lugar no grupo de qualificação, à frente da Rússia, e em dez jogos ganharam oito e empataram dois.

A meta da equipa é chegar às meias-finais, pelo menos, e deve ter boas possibilidades de a alcançar, tendo em conta que sete dos jogadores já atuaram pela seleção principal.

Os «olheiros» vão estar atentos a: Jannick Westergaard (central do Werder Bremen, valiado em 3 milhões de euros); Pierre-Emile Hojbjerg (médio do Bayern Munique, avaliado em 5 milhões de euros); Lasse Vigen Christensen (médio do Fulham, avaliado em 1 milhão de euros).

Texto de Klaus Eriksen (Jyllands-Posten)

ALEMANHA



O registo da Alemanha nos sub-21 tem sido surpreendentemente pobre, nos últimos anos, desde a equipa que tinha meia dúzia dos heróis do título mundial, como Manuel Neuer, Mats Hummels e Mesut Ozil conquistou o título. Foi em 2009, em Malmö, com uma goleada à Inglaterra de Stuart Pearce (4-0).

Este ano a equipa de Horst Hrubesch é amplamente apontada como favorita, na ausência da Espanha, detentora do título. A derrota frente à Inglaterra no último jogo de preparação para a prova não baixou as expectativas. Joachim Löw, selecionador principal, tomou uma decisão consciente ao chamar apenas Mario Götze e Shkodran Mustafi dos jogadores que ainda podem representar os sub-21. O avançado Kevin Volland (Hoffenheim) e o campeão mundial Matthias Ginter (Borussia Dortmund) estão comprometidos com a tarefa de ajudar a Alemanha a, no mínimo, conseguir a qualificação para os Jogos Olímpicos.

A seleção germânica joga preferencialmente em 4x3x2x1, e mais uma vez a questão do guarda-redes levanta algumas questões. Bernd Leno (Bayer Leverkusen) e Marc-André ter Stegen (Barcelona) não têm uma relação muito próxima, como é público, e tudo apontava para que Hrubesch levasse apenas um deles ao Campeonato da Europa. Mas ambos foram incluídos na convocatória, e a impressionante exibição de Ter Stegen na final da Liga dos Campeões, frente à Juventus, pode ter sido o suficienre para destronar Leno.

Os «olheiros» vão estar atentos a: Johannes Geis (médio do Mainz, avaliado em 7 milhões de euros); Robin Knoche (defesa do Wolfsburgo, avaliado em 7 milhões de euros); Nico Schulz (defesa do Hertha, avaliado em 3 milhões de euros).

Texto de Raphael Honigstein (Süddeutsche Zeitung)


SÉRVIA



Após seis anos de ausência a Sérvia volta à fase final do Europeu de sub-21, na sequência de uma chocante vitória sobre a Espanha no «playoff» de apuramento. Muito mudou destes esses dramáticos jogos, no entanto. Desde logo o selecionador, com Radovan Curcic promovido à seleção principal para substituir Dick Advocaat, após o desastroso arranque na fase de qualificação para o Euro2016.

O substituto nos sub-21, Mladen Dodic, não tem muita experiência internacional, e para além disso vai estar privado de alguns jogadores habitualmente utilizados na seleção principal, como Matija Nastasic (Manchester City), Filip Kostic (Estugarda) ou Lazar Markovic (Liverpool), para além de outros elementos que foram incluídos na lista para o Mundial de sub-20.

Fica assim uma equipa inexperiente mas com média de idades mais elevada da prova, liderada por dois talentos: Filip Djuricic, o jogador do Benfica que esteve cedido a Mainz e Southampton, e Milos Jojic, do Borussia Dortmund.

A Sérvia deve apostar num 4x2x3x1 de mentalidade defesiva, procurando surpreender os adversários no contra-ataque e através de lances de bola parada.

Os «olheiros» vão estar atentos a: Filip Djuricic (médio do Benfica, avaliado em 5 milhões de euros); Milos Jojic (médio do Borussia Dortmund, avaliado em 2,5 milhões de euros); Uros Spajic (defesa do Toulouse, avaliado em 4,5 milhões de euros).

Texto de Vladimir Novakovic (Sport Klub)


REP. CHECA




A seleção orientada por Jakub Dovalil teve de preparar a prova sem jogos oficiais, e esse pode revelar-se o principal problema para os anfitriões. Dovalil não teve a possibilidade de utilizar nenhum jogador dos que já são chamados habitualmente para a seleção principal, e por isso não teve a possibilidade de afinar o melhor «onze».

O maior problema parece estar no ataque. Dovalil já se queixou que os avançados à disposição não jogaram o suficiente nem marcaram o sufiiciente pelos seus clubes. Vaclav Kadlec, que esteve emprestado ao Sparta pelo Frankfurt, só fez um jogo pelos sub-21 nos últimos dois anos, e antes da fase final esteve integrado na seleção principal, que jogou na Islândia.

A seleção checa revela também problemas na construção de jogo, recorre muito aos passes longos. Existe falta de criatividade na equipa, e o futebol direto acaba por ser uma solução frequente.

Ainda assim a equipa tem vários jogadores que têm impressionado, e Dovalil vai contar com jovens de grande qualidade, como Kadlec, Pavel Kaderabek e Ladislav Krejci. Nomes que devem aumentar a qualidade da equipa, a um nível suficiente para garantir a presença nas meias-finais.

Os «olheiros» vão estar atentos a: Vaclav Kadlec (avançado do Frankfurt, avaliado em 2,5 milhões de euros); Pavel Kaderabek (defesa do Sparta Praga, avaliado em 3 milhões de euros); Tomas Kalas (defesa do Chelsea, avaliado em 3 milhões de euros).

Texto de Jan Podrouzek (Denik Sport)


GRUPO B


ITÁLIA



Luigi di Biagio não teve um início promissor no comando da seleção italiana de sub-21. Perdeu o primeiro jogo, em casa com a Bélgica, e as hipóteses de apuramento pareciam começar a desvanecer-se quando o nulo com Chipre arrastou-se até ao minuto 66.

As contas foram melhoradas por um golo de Francesco Fedato, mas o avançado do Modena (então no Bari) tem estado tapado por outras promessas. Domenico Berardi, que esteve suspenso pela federação depois de ter falhado uma convocatória dos sub-19, voltou às opções no ano passado. Marcou 31 golos pelo Sassuolo nas duas últimas épocas, na Serie A, mas na seleção sub-21 tem apenas um tento.

Andrea Belotti (Palermo) lidera o ataque, e na qualificação marcou seis golos, mas a Itália é mais robusta no lado oposto do campo. Daniele Rugani é uma estrela em ascenção no centro da defesa, depois de ter cumprido os 38 jogos de um Empoli que superou todas as expectativas esta época. O momento de forma exibido nos clubes não é tudo para Di Biagio, no entanto. Na baliza tem mantido a confianla em Francesco Bardi, mesmo depois deste ter perdido a titularidade no Chievo, e com alternativas fortes como Marco Sportiello ou Nicola Leali.

Os «olheiros» vão estara atentos a: Andrea Belotti (avançado do Palermo, avaliado em 8,5 milhões de euros); Domenico Berardi (co-propriedade de Juventus e Sassulo, avaliado em 20 milhões de euros); Daniele Rugani (defesa do Empoli, avaliado em 11 milhões de euros).

Texto de Paolo Bandini (freelancer)

INGLATERRA



O foco tem estado essencialmente na riqueza ofensiva da Inglaterra, por causa de três jogadores: Saido Berahino, que fez uma boa temporada no WBA e foi o melhor marcador da qualificação (10 golos); Danny Ings, reforço do Liverpool, e Harry Kane, claro. Mas a seleção inglesa tem muita qualidade nos outros setores.

Tom Carroll, James Ward-Prowse e Will Hughes garantem o controlo a meio-campo, e Nathan Redmond e Nathaniel Chalobah ofereceram capacidade de penetração nas defesas contrárias. A defesa é liderada por John Stones (Everton), um dos cinco elementos já utilizados na seleção principal, e sofreu apenas quatro golos na qualificação, o que representa o melhor registo dessa fase.

A Inglaterra chega ao Europeu com expectativas muito elevadas, após nove vitórias e um empate na fase de grupos, e depois dois triunfos sobre a Croácia no «playoff», para depois ainda derrotar Alemanha e Portugal na preparação para a fase final. Desta vez essas expectativas podem ser realistas.

Os «olheiros vão estar atentos a: Harry Kane (avançado do Tottenham, avaliado em 40 milhões de euros; Saido Berahino, avançado do WBA, avaliado em 27 milhões de euros); John Stones (defesa do Everton, avaliado em 24 milhões de euros).

Texto de John Ashdown (Guardian)

SUÉCIA



A seleção sueca garantiu a qualificação num «playoff» dramático com a França, com o golo decisivo a ser apontado nos instantes finais do encontro da segunda mão. Esse espírito de luta é a imagem de marca de um grupo coeso, formado por jogadores que trabalham muito uns pelos outros, e pelo seu treinador, Hakan Ericson.

Integrada num grupo com Inglaterra, Portugal e Itália, a Suécia corre por fora. É uma seleção que joga habitualmente em 4x4x2, com laterais que sobem bastante pelo corredor e extremos que procuram muito a zona central.

Existem algumas dúvidas relativamente à espinha dorsal da equipa, uma vez que Alexander Milosevic (Besiktas), Oscar Hiljemark (PSV) e John Guidetti (Celtic) jogaram com pouca regularidade nos seus clubes, recentemente. No «onze» provável constam seis jogadores que já representaram a seleção principal.

Os «olheiros» vão estara atentos a: John Guidetti (avançado em final de contrato com o Manchester City); Ludwig Augustinsson (defesa do Copenhaga, avaliado em 800 mil euros); Robin Quaison (médio do Palermo, avaliado em 1,5 milhões de euros).

Texto de Andreas Sundberg e Sven Bertil Liljegren (fotbollskanalen.se)