Figura: Bernardo Silva

Por fim, um jogo próximo do seu nível. O jogador do Manchester City voltou a ter liberdade para deambular pelo ataque e aproximar-se de Vitinha, Cancelo, Bruno Fernandes ou Ronaldo e foi influente na manobra ofensiva portuguesa. Com a bola colada ao pé esquerdo, Bernardo ofereceu linhas de passe, soluções para fazer a bola andar, enfim, jogou e fez jogar. E para quem aprecia estatísticas, o esquerdino já pode dizer que, por fim, tem um golo numa fase final de um grande torneio de seleções. E como esperava por este momento desde 2018.

Momento do jogo: um autogolo que só se viu no estádio, minuto 29

Pouco depois do golo de Bruno Fernandes, Portugal chegou ao 2-0 num lance caricato. Cancelo não percebeu a movimentação de Ronaldo e entregou mal a bola. Ambos ficaram a esbracejar um com o outro enquanto Akaydin atrasava a bola para o guarda-redes. O problema é que Bayindir estava a sair da baliza e a bola entrou apesar do esforço de Çelik. Um lance que não se viu em direto na televisão.


Outros destaques:

Pepe: a cada dia que passa torna-se ainda mais complicado adjetivar as prestações do central. Aos 41 anos, o defesa continua a jogar como um miúdo cheio de alegria. Pepe foi o porto seguro de Portugal na defesa, fez cortes no chão, ganhou duelos no ar e ainda mostrou que também sabe sair a jogar. Uma exibição em cheio reconhecida até pelos adeptos turcos que o aplaudiram de pé aquando da sua substituição. Já sabia que é como o vinho do Porto, caro leitor?

Kökçü: o jogador do Benfica foi um dos sacrificados por Montella ao intervalo quando a Turquia já perdia por 2-0. Kökçü não fez um mau jogo: esteve ao nível dos colegas. O problema é que esse nível não foi suficiente para contrariar a maior qualidade demonstrada pela seleção portuguesa. Lento em algumas ações, o médio assinou um dos dois remates enquadrados dos turcos na primeira parte.

Cristiano Ronaldo: merece o destaque por ter igualado a marca de Pobórsky. O capitão da seleção mostrou um altruísmo poucas vezes visto ao longo da carreira e ofereceu o golo a Bruno Fernandes quando tinha apenas o guarda-redes pela frente. Esse é, porventura, o momento mais marcante do jogo pelo significado que tem para o mundo e mais importante, para os próprios colegas. O avançado repetiu o bom desempenho que tinha tido contra a Chéquia, mostrou-se ao jogo em apoio, apareceu em zonas de finalização e não foi por falta de tentativas que não marcou - teve três boas situações para marcar.


Bruno Fernandes: sem se dar muito por isso, o médio teve um papel importantíssimo na vigilância a Çalhanoglu. Martínez entregou-lhe a função de limitar o influente jogador do Inter de Milão e o maiato consegui-o na perfeição. Com bola, Bruno Fernandes foi o jogador que é: acumulou remates, rompeu em várias ocasiões a defesa contrária e arriscou no passe. Marcou o terceiro golo português e conseguiu, por fim, o primeiro golo com a camisola nacional num grande torneio.