Foi um ano espectacular, mas a família está em primeiro lugar. A explicação de Daniel Gaspar para sair do F.C. Porto é simples e os sentimentos são sinceros, como explicou ao Maisfutebol o ex-treinador de guarda-redes dos dragões.
A decisão de não renovar contrato foi tomada esta sexta-feira e acertada numa reunião com os elementos da SAD azul e branca. Apesar de haver uma boa proposta em cima da mesa, Gaspar acabou por não ceder à tentação de voltar à família e à academia de futebol que possui nos Estados Unidos, a «Star Goalkeeper Academy».
«A minha família apoiou-me sempre nas experiências que tive no estrangeiro, mas sinto que cheguei a um ponto em que tenho de retribuir o esforço e dedicar mais tempo à mulher e aos filhos», explicou o luso-americano, que acrescenta o facto de ter tomado «a decisão mais difícil» da sua carreira, pois tem um sentimento especial pelo país: «Adoro Portugal e fui muito feliz aqui, como profissional, pois trabalhei na Selecção, no Sporting, no Benfica e no F.C. Porto. Agora, é a altura de dizer adeus a Portugal e isso também é difícil para mim, mas tinha de tomar esta decisão com muita coragem».
O facto da sua esposa ter passado, recentemente, sete semanas em Portugal e depois regressar aos Estados Unidos levou «Dan» a ponderar muito bem sobre o rumo que a sua vida poderia tomar. «A partida dela foi muito dura e tive de pensar nas minhas prioridades. Apelei à sinceridade dos meus filhos e, depois de tudo pesado, tive de agir», confessou, não escondendo um travo amargo pela despedida.
«Cheguei ao topo da montanha no F.C. Porto e até na despedida as pessoas revelaram-se absolutamente fantásticas, mostrando porque são grandes. Durante o meu trabalho cumpriram todas as promessas e mostraram classe, revelando respeito e até dando apoio neste momento de dizer adeus. A forma como perceberam os meus argumentos serviu de grande alívio para mim, porque tratou-se de uma decisão complicada», frisou. O processo foi tão rápido que Daniel Gaspar já viaja no domingo para o outro lado do Atlântico e promete regressar dentro de alguns meses: «Volto a Portugal no início de Maio para celebrar o título do Porto».
Trabalhar com os melhores
Gaspar tem um currículo marcante, com passagens pelas selecções nacionais do Gabão, Estados Unidos, Portugal e África do Sul, para além de ter treinado guarda-redes no Japão, mas sente que foi no F.C. Porto que alcançou o topo.
«Para mim foi um orgulho ter podido trabalhar não só com Vítor Baía e Nuno, mas também com uma grande promessa do futebol português, que é o Bruno Vale. Levantava-me todos os dias com um sorriso na cara, pois trabalhava com três guarda-redes de classe mundial e eles é que me motivavam a introduzir novos métodos e a trazer sempre coisas diferentes para o treino. Eu queria ser diferente e procurava transmitir coisas novas aos jogadores. Agora, só eles poderão dizer se ficaram satisfeitos com o meu trabalho», avaliou.
Na hora de dizer adeus, Daniel guarda as memórias e abraça com «dedicação total» a academia e a família. «Tive a oportunidade de trabalhar com jogadores de classe mundial e agora, nesta nova etapa da minha vida, quero ser um marido e um pai de classe mundial. Quero dedicar a minha vida à minha esposa, aos meus filhos e à minha escola. O que se passou foi que coloquei a minha carreira numa mão e a minha família e a minha escola na outra. E a decisão que tomei foi em prol da minha família», vincou.