Sérgio Conceição, treinador do FC Porto, e Francisco Seixas da Costa, antigo secretário de Estado dos Assuntos Europeus e embaixador da ONU, falharam esta sexta-feira uma tentativa de acordo para evitar o julgamento do diplomata por alegada difamação agravada ao treinador do dragões.

Conceição e o seu advogado, Pedro Henriques, queriam que a declaração do embaixador contivesse a expressão exata «pedido de desculpas», pedido rejeitado por Seixas da Costa, cujo advogado, Magalhães e Silva, defendia uma declaração do seu cliente a admitir apenas que se tinha excedido.

Em causa, diga-se, está a expressão «javardo» utilizada por Francisco Seixas da Costa referindo-se a Sérgio Conceição, numa publicação nas redes sociais em março de 2019.

Logo na altura, o diplomata assumiu que os «termos não terão sido os mais felizes», posição reforçada esta sexta-feira. No entanto, e perante o tribunal, desvalorizou o sentido pejorativo da expressão «javardo», comparando-a a «grosseiro» ou «mal-educado».

De acordo com a Lusa, Francisco Seixas da Costa afirmou que faz «uma avaliação positiva de Sérgio Conceição como treinador», e que neste caso o que está em causa é «uma cultura de permanente excesso» em declarações públicas.

O advogado do treinador portista questionou Seixas da Costa como se sentiria se o chamassem de «javardo», ao que o ex-embaixador respondeu: «Espere aí, mas eu não sou».

Já Sérgio Conceição realçou a forma «impactante» como a expressão em causa «mexeu» com a sua vida pessoal. «Senti a expressão como um ataque à minha pessoa. Para mim, foi grave, daí a minha queixa. Se fosse eu, pedia desculpa e estava o caso arrumado. Não me tirava dignidade nenhuma pedir desculpa», declarou.

O julgamento prossegue no próximo dia 1 de abril, às 14h00, no tribunal criminal do Bolhão.