A 26 de março, o FK Luch-Energiya bateu o Tom Tomsk do escalão principal e seguiu em frente para uma fase importante da prova. O tema volta a ser discutido no país: se a equipa de Vladivostok levantar o troféu e garantir o apuramento para as competições europeias, o que poderá acontecer?
Vladivostok está no final da Linha Transiberiana, é banhada pelo mar do Japão e tem por perto as fronteiras da Coreia do Norte e da China. Pouco ou nada a ver, percebe-se, com a Rússia que se aproximou da Europa.
Fundado em 1958, o clube disputou a primeira divisão entre 2006 e 2008, levando vários adversários ao desespero. Igor Akinfeev, guarda-redes do CSKA de Moscovo, ficou irritado após uma goleada por 4-0 e chegou a dizer que «eles deviam jogar na Liga Japonesa». Mas os jogadores locais responderam à letra: «As outras equipas vêm cá uma vez por campeonato, enquanto nós temos de fazer a viagem de 15 em 15 dias.»
O Luch prepara o embate das meias-finais da taça mas terá entretanto três compromissos importantes para a Football National League, a segunda divisão do futebol local. A equipa ocupa o quinto lugar, a apenas quatro pontos da vice-liderança.
A desistência recente do Alania Vladikavkaz (em 2011/12 disputou a Liga Europa, agora fecha portas), numa altura em que estava a lutar pela subida, reforçou as esperanças dos outros candidatos.
Nesta sexta-feira, o Estádio Dínamo de Vladivostok volta a abrir portas. O Rotor será a equipa visitante e tem pela frente uma viagem de largas horas de avião desde Volgograd. Se fosse de autocarro, seriam nove mil quilómetros e quase uma semana na estrada.
Mais um dado para explicar a distância entre a zona oeste da Rússia e o extremo sudeste: há sete horas de diferença entre o fuso horário de Volgograd e o de Vladivostok.
Na próxima semana, será o FK Luch-Energiya a fazer uma viagem longa para enfrentar o Torpedo de Moscovo, seguindo-se a receção ao Arsenal Tula, localidade relativamente próxima da capital do país.
O encontro mais ansiado será a 17 de abril, na meia-final da Taça da Rússia. Pela frente estará o Rostov, atual oitavo classificado do primeiro escalão.
O Luch terá de atravessar o país para jogar em Rostov-on-Don, bem perto do Mar Negro. Como é hábito, a equipa seguirá por via aérea.
Curiosamente, na eliminatória anterior, o Tom Tomsk tinha o seu estádio interdito e o jogo foi realizado em Novosibirsk, na Sibéria, bem mais perto para a equipa de Vladivostok.
De qualquer forma, o percurso do FK Luch-Energiya na Taça já entrou para a história do clube, que nunca tinha chegado a esta fase. Por duas vezes, caiu nas meias-finais.
O dia não parecia correr de feição para o Luch, já que Portnyagin inaugurou a contagem para o Tom Tomsk ao minuto 33 e Romanovich viu o segundo cartão amarelo a caminho do intervalo. Mesmo em inferioridade numérica, a formação de Vladivostok chegou ao empate e adiou a decisão para os castigos máximos, onde foi mais feliz que o adversário.
Sergei Bendz, defesa-central, garante que não há limites para a ambição do Luch: «Se calhar o Tom Tomsk achou que, a ganhar e em vantagem numérica, tinha o jogo decidido. Felizmente provámos o contrário. Vamos em frente e já dissemos entre nós que vencer a Taça seria um grande passo nas nossas carreiras. Porque não vencer o troféu?»