O Estudo Global do Futebol Português não se limita a fazer o diagnóstico das «doenças» de que padece o futebol. Aponta também algumas possíveis «curas», alguma delas verdadeiramente revolucionárias. A Liga de Clubes, que encomendou este estudo, vai debruçar-se sobre as suas conclusões e, como já garantiu Valentim Loureiro, «tomar decisões». As propostas apresentadas pela Liga serão depois discutidas em Assembleia Geral; se os clubes não aprovarem as mudanças, tudo pode ficar como está¿.

Os autores deste estudo propõem, antes de mais, a implementação de sistemas de controlo de gestão dos clubes, para que estes tenham acesso, em tempo real, à sua situação patrimonial e financeira.

Por outro lado, consideram urgente a credibilização do espectáculo, de modo a que os espectadores e adeptos voltem a acreditar na verdade desportiva. Chamam também a atenção para a necessidade de reorganizar a estrutura da Liga, considerando essencial a concertação de políticas com a Federação Portuguesa de Futebol.

A aposta na formação dos agentes desportivos, visando a sua profissionalização e o controlo dos custos salariais são outras das soluções apontadas. Implementar um sistema de remuneração por objectivos (algo que já existe nas empresas multinacionais) é uma das medidas sugeridas.

A proposta mais radical, porém, prende-se com a reorganização dos quadros competitivos. O Estudo aponta quatro cenários possíveis: manter o sistema actual (18 clubes em duas voltas), reduzir para 16 clubes, apostar em 12 equipas e numa fase final ou avançar para um campeonato disputado por dez equipas, com quatro voltas. E de acordo com estudos económicos, este seria o mais viável. Um argumento que parece não ser do agrado da Liga nem dos seus membros.

A profissionalização dos árbitros, a alteração do método de avaliação (que pode passar pelo recurso a meios audiovisuais, por um conselho formado por antigos árbitros ou por uma avaliação feita pelos treinadores das duas equipas envolvidas em cada partida).

Este estudo propõe também a redefinição do calendário de jogos e uma melhoria das infra-estruturas, para que os espectadores possam usufruir de mais conforto e segurança.