Ricardo Carvalho já tinha saudades de andar nestas andanças da preparação de uma fase final, depois de ter ficado das opções de Paulo Bento para o Euro 2012 e Mundial 2014. Seis anos depois de ter participado no Mundial 2010, com Carlos Queirós, o experiente central está de volta e será agora, no Euro 2016, o jogador de campo mais velho e fala abertamente sobre essa condição especial.

«A minha última fase final foi há seis anos, no Mundial 2010 e a verdade é que sempre senti saudades, sempre quis representar o meu país. Sempre disse que, enquanto jogasse ia estar sempre disponível e, com esta idade, ainda estou aqui. O mais gratificante é poder estar aqui», destacou esta terça-feira em conferência de imprensa.

Ricardo Carvalho chega a esta fase final com 38 anos, mas vinte do que Renato Sanches, o mais novo entre os eleitos de Fernando Santos. «Não gosto de comparar, mas quando cheguei aqui, em 2003, também era novo e também encontrei jogadores mais experientes, como o Luís Figo, o Fernando Couto ou o Rui Costa. Para mim foi importante ter esses jogadores mais experientes, espero que agora também seja importante para o Renato e para os outros mais jovens», comentou.

Ricardo Carvalho: «O tempo de regressar ao FC Porto já passou»

A verdade é que Ricardo Carvalho chegou tarde à Seleção Nacional. Tapado por jogadores como Fernando Couto, Jorge Costa e Jorge Andrade, o central do Monaco estreou-se na seleção já com 25 anos, já depois de se ter afirmado como titular do FC Porto. «Estreie-me um pouco tarde, mas joguei pelo FC Porto bastante tempo, tinha ganho a UEFA e depois a Liga dos Campeões quando me assumi na Seleção. Mas na altura tínhamos grandes centrais, o Jorge Costa e o Fernando Couto, já para não falar em Jorge Andrade que, na altura, era um grande talento. Mas quando cheguei comecei a jogar logo de início. Fui importante na campanha de 2004 e 2006. Foi tudo muito rápido, mas é bom para o nosso grupo termos este jogadores novos, o mais importante é deixar o Renato à vontade e deixá-lo crescer», prosseguiu.

Aos 38 anos, este será provavelmente o último Europeu de Ricardo Carvalho, mas por tudo o que já fez ao serviço da seleção, o central não se sente obrigado a sair pela porta grande. «Não, acho que felizmente na seleção já vivi momentos muito bons e marcantes. Claro que não ganhámos a final de 2004, mas felizmente conseguimos jogá-la. Para ganhar tens de chegar lá e em 2004 chegámos. Este ano é a mesma coisa, para ganharmos temos de chegar lá», destacou.

Ricardo Carvalho: «É obrigatório passar a primeira fase»

A verdade é que Ricardo Carvalho não atira a toalha ao chão e quer continuar a jogar, enquanto o corpo deixar. «Está tudo na cabeça. A cabeça diz-me para continuar a jogar e o corpo tem permitido. É uma luta que tenho comigo próprio e sei que a vou perder com a idade. Tenho o prazer de jogar até o mais tarde possível, mas vai chegar a uma atura que não vai dar mais», referiu. E qual o segredo para esta longevidade? «Sou uma pessoa tranquila, gosto de estar com a Família, descanso mais e repouso mais do que é normal, em relação aos meus colegas, e por isso, se calhar, estou aqui», contou.

Mas o futuro está ainda por definir. «Na minha idade só penso no presente, no primeiro jogo, no segundo e no terceiro. Chegas a uma certa idade e tens de pensar no presente e não no futuro», referiu.

João Mário mostrou-se disponível para deixar crescer o cabelo, enquanto William Carvalho também prometeu deixar crescer o bigode em caso de sucesso no Euro 2016. Ricardo Carvalho não é de fazer promessas. «Nunca fui de fazer muitas promessas, mesmo quando era mais novo. Rapar o cabelo, deixar crescer o a barba, nunca fiz isso. Agora também não posso deixar crescer o cabelo porque já está frágil», disse ainda entre sorrisos.

Leia ainda: Fernando Santos testa Rafa no ataque para Wembley