Costinha teve uma ascensão no seu percurso nos clubes muito peculiar. De certo modo, pode comparar-se ao de Pauleta, o ponta-de-lança do Bordéus e da selecção nacional. Em comum, Costinha e Pauleta têm o facto de serem internacionais portugueses de talentos reconhecidos que nunca representaram um clube da I Liga em Portugal. Quer dizer: antes de Costinha ter assinado pelo F.C. Porto... 

-- Foi um risco ter partido para um grande clube europeu sem passar por pela I Liga portuguesa?

-- É sempre um risco. Fiz os primeiros cinco jogos do campeonato francês e disputei a Liga dos Campeões. Num dos jogos até actuei frente ao mister Octávio, num jogo em Alvalade que perdemos por 3-0 e nessa altura não estava nas melhores condições, porque tinha acabado de disputar a fase final do apuramento de campeão nacional da II Divisão B. Depois, estive seis meses a pique, meses muito complicados, e se não fosse o apoio da minha esposa, não sei como é que as coisas poderiam ter sido. Estava sozinho no Monaco, em França, num país totalmente diferente, com outra mentalidade. Mas sabia que era uma oportunidade que não podia perder. 

-- E quando é que as coisas ficaram melhor?

-- A partir de Janeiro desse ano, tudo melhorou, só perdi um ou dois jogos. Consegui entrar na equipa regularmente, fiz os quartos-de-final e as meias-finais da Liga dos Campeões e estou bastante satisfeito, porque não virei a cara à luta e hoje sinto-me bastante recompensado por isso. 

-- Além da notoriedade que conquistou, o que é que aprendeu no futebol francês?

-- Tudo. Há vertentes diferentes do futebol português. Não se trabalha menos, nem mais. É diferente nas mentalidades, porque os jogadores têm a cabeça mais aberta para aquilo que se pede.  

-- É muito diferente jogar em Portugal e jogar em França?

-- É um futebol diferente do nosso. O nosso é um futebol mais rendilhado, o francês é muito mais objectivo. É um futebol onde se trabalha bastante a velocidade, onde tem que se ter bastante força. A zona central do terreno é crucial.