A excelente recuperação do Gil Vicente na segunda volta elevou a equipa a um lugar muito privilegiado na luta pela permanência, quando falta cumprir apenas uma jornada no campeonato.
Depois de vencer o Benfica em casa de forma muito confortável (3-0), os gilistas voltaram a surpreender, triunfando no Restelo, igualmente por números expressivos (3-1). Em 40 minutos jogados a um ritmo alucinante, a equipa de Luís Campos pressionou, marcou três golos e podia ter feito mais, contra uma das melhores equipas do campeonato.
O arranque para a vitória foi dado por Sérgio Gameiro e o segundo golo surgiu na sequência de uma excelente intervenção pessoal do médio, que ofereceu o 2-0 ao colega Paulo César. «Foi o melhor jogo fora de Barcelos que realizámos esta época», considerou Sérgio Gameiro, destacando a «união dentro de campo, o espírito de equipa e a aposta no contra-ataque» como os argumentos decisivos para o sucesso.
«Duas jogadas de inspiração» marcaram a exibição em Belém de Gameiro, um jogador que nasceu em Ferreira do Alentejo e deu os seus primeiros passos como sénior no Desportivo de Beja. Aí passou três épocas, duas delas na II B e outra na II Honra, saltando para o Santa Clara. Jogou dois anos nos Açores e estreou-se na I Liga na temporada passada. Esta época decidiu aceitar o desafio do Gil Vicente, com quem tem mais um ano de contrato, mas ambiciona «chegar mais longe».
Luís Campos tinha-lhe pedido para «pegar na bola e levar a equipa para a frente». O médio fez o que o treinador pediu, até porque é exactamente o que gosta mais de fazer. Define-se como tendo «bom sentido táctico em campo e principalmente na defesa», saindo «bem para o ataque», sempre com «grande disciplina táctica».
«Bom momento»
A recuperação dos gilistas coincide com o aparecimento de Sérgio Gameiro como jogador decisivo: «Estou a atravessar um bom momento de forma, o que é ideal para ajudar a equipa a ficar na I Liga» e isso só não aconteceu mais cedo «porque havia outros jogadores em bom momento».
Para o médio «é natural que algum jogador se destaque», mas «nada poderá ser conseguido sem ter o sentido de equipa», por isso Gameiro acredita que «é possível ficar» no escalão principal. A determinação da equipa para o jogo com o Paços de Ferreira é clara: «Estamos determinados na manutenção, por isso temos de aplicar a confiança existente e dar o tudo por tudo na última jornada».
Numa breve análise à época, o jogador considera que o Gil Vicente «poderia estar numa situação bem mais confortável se tivesse feito um arranque de campeonato com menos pontos perdidos». As primeiras jornadas foram, na sua perspectiva, essenciais para que a época fosse tão irregular. As saídas de muitos jogadores e a consequente entrada de outros atletas também foram determinantes para que tal acontecesse, pois «só quando o actual plantel teve tempo para se conhecer é que a equipa começou a jogar melhor».
A entrada de Luís Campos para treinador não terá sido fundamental, pois Álvaro Magalhães «já mostrou que é um bom técnico», mas «tem o mérito de ter dado muita força quando já muitos pensavam que o Gil estaria despromovido»
