Se houver uma santíssima trindade no estudo do jogo, em que dois vértices sejam para tática e técnica, o terceiro terá de ser atitude. E foi aí, principalmente, que esteve a diferença no FC Porto esta noite, numa vitória segura em Barcelos, que os números não traduzem. A equipa de Paulo Fonseca foi melhor do que indica este 2-1, numa antítese evidente do que aconteceu na semana passada, frente ao Paços de Ferreira.

Se é certo que a equipa portista não conseguiu ser constante durante os 90 minutos - uma afinação para trabalhar para outras pelejas - a forma como abordou o jogo, sobretudo na fase inicial, fez a diferença. Atitude, lá está.

Os primeiros trinta minutos foram das melhores amostras azuis e brancas 2013/14. Para se ter uma ideia, ainda o relógio passava pouco dos cinco minutos e já o FC Porto tinha rematado três vezes e quase sempre com perigo.

Jackson cabeceou para defesa de Adriano; Quaresma emendou ligeiramente ao lado ao primeiro poste e Josué tentou de longe abrir o jogo, saindo por cima. Três momentos que mostram o que foi a equipa de Paulo Fonseca no arranque do jogo: expedita, decidida e prática.

O relvado, já se sabia, iria ficar (ainda) pior com o acumular de minutos e resolver cedo era meio caminho andado para o sucesso. O FC Porto tentou e, não o atingindo na plenitude, pelo menos deu a ideia de ficar com o jogo na mão. O que é um bom sinal. Não é algo que seja muito frequente por estes dias.

Um golo lógico e uma superioridade incontestável

Ao aviso de Josué, num trabalho individual que apenas pecou no remate, aos dez minutos, o FC Porto deu seguimento com o primeiro golo do jogo. Herrera trabalhou bem na direita, cruzou de forma perfeita e Varela encostou na cabeça, deixando Gabriel sem reação. Deve ter sido a última pessoa no estádio a perceber onde ia cair aquela bola.

O golo, mais do que justo, era lógico. Era, de facto, uma questão de tempo até a linha gilista, esta noite remendada com Luís Silva no lugar do castigado César Peixoto, ceder. Danilo ainda atirou ao poste, pouco depois, na fase mais massacrante do jogo portista.

O Gil, atarantado, passou a primeira meia hora sem rematar e só assustou, em todo o primeiro tempo, numa desatenção da defesa portista, surpreendida por um livre cobrado de forma rápida por Luís Martins que deixou Brito isolado. A bola até passou Helton, mas Abdoulaye evitou o empate.

Nem seria justo que acontecesse, diga-se. O FC Porto continuava melhor. Não tão melhor como tivera sido, mas o suficiente para que se diga: claramente melhor.

Nem massacre, nem empate

O que mudou na segunda parte? O Gil entrou mais afoito, já com Pedró em campo, mas foi o FC Porto que voltou a marcar. Varela arrancou no seu meio-campo e capitalizou todo o espaço que lhe foi dado até entrar na área com o segundo golo.

Mesmo que o Gil aparentasse estar melhor, ficou a pairar no ar a possibilidade de o FC Porto esmagar, tão tenrinha continua a defensiva barcelense. Não o fez, quiçá, porque o Gil reduziu quase na resposta, com Hugo Vieira a aproveitar, no coração da área, uma assistência de Diogo Viana.

O resultado era, é preciso dizer, enganador, porque a diferença entre as duas equipas, em campo, era bem maior. Tanto que o jogo esteve sempre mais perto do 3-1 do que da igualdade. Mas dali não saiu.

Para o FC Porto foi suficiente. Voltou a colocar a diferença para o Benfica nos quatro pontos, recuperou o segundo lugar perdido na véspera para o Sporting e quebrou a malapata recente em Barcelos, onde não vencia há três jogos. O Gil já vai em 16 sem ganhar.