Não houve
laranja, muito menos
mecânica. Houve, quanto muito, uma
tangerina de pouco sustento. Deu para consumir os três pontos, é verdade, mas quando se olha para a equipa da Holanda é impossível não exigir muito mais. Um golo, um mísero golo, de Wesley Sneijder contra o Japão coloca a campeã da Europa de 1988 praticamente na próxima fase, mas abre um enorme ponto de interrogação: o que vale esta nova versão dos sucedâneos de Michels e Cruyff?
FICHA DE JOGO
Depois de ter dado boas indicações na estreia frente à Dinamarca, a Holanda foi uma decepção neste encontro. Não será, de todo, exagerado afirmar que teve somente dez minutos de boa qualidade, ali entre os 45 e os 55. O primeiro tempo foi frouxo, demasiado frouxo, e encheu a plateia de bocejos e aborrecimento.
Na reentrada a Holanda veio mais dinâmica, teve dois bons remates de Robin van Persie, marcou por Sneijder e... ofereceu o controlo do jogo ao Japão. No único golo da partida, é justo sublinhar a responsabilidade do guarda-redes nipónico. O pontapé de Sneijder saiu forte, mas perfeitamente defensável.
Homem de Cristal guardado no banco
Perante a postura anormalmente pragmática da Holanda, preocupada apenas em defender a vantagem escanzelada, o Japão até mostrou dados interessantes. Okubo teve três remates ameaçadores, Honda e Nakamura dois lances de bom entendimento.
De qualquer forma, a selecção asiática tem limitações gritantes, nomeadamente na frente de ataque. O médio-ofensivo Honda é o homem mais adiantado da equipa e não apresenta uma ameaça realmente séria para uma qualquer defesa bem organizada, como é, de resto, o caso deste quarteto holandês: Van der Wiel, Mathijsen, Heitinga e Van Bronckhorst.
Bert van Marwijk: «Podemos e devemos fazer melhor»
Takeshi Okada: «Temos tudo na mão»
Só na parte derradeira do encontro, com as entradas de Elia e Afellay, a Holanda voltou a demonstrar alguma ambição. Muito rápidos, estes dois jovens fizeram esquecer a exibição completamente sorumbática de Van der Vaart e Kuyt, principalmente estes.
Arjen Robben, apesar de clinicamente recuperado, ficou no banco de suplentes do princípio ao fim. Bert van Marwijk quererá resguardar o esquerdino para as próximas batalhas. A verdade é que não é fácil gerir a consistência física do
Homem de Cristal.
Sem jogar bem, muito longe disso, a Holanda conseguiu derrotar um Japão que merecia o empate. Os oitavos-de-final estão já ali a seguir, mas o país da
laranja mecânica não pode estar satisfeito com o que viu hoje.
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Holanda
19 jun 2010, 14:28
Grupo E: Holanda-Japão, 1-0 (crónica)
Uma tangerina nunca fez esquecer uma laranja
PJC
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