Esta quinta-feira quando o Sp. Braga entrar em campo na República Checa para defrontar o Slovan Liberec assinala-se uma data histórica. O emblema minhoto cumpre o jogo cem nas competições europeias. A final da Liga Europa em 2011, diante do FC Porto, é o epílogo de uma de uma aventura que começou há 49 anos na Grécia.

Para trás os minhotos deixam um rasto positivo, com mais vitórias do que derrotas e igualmente com um saldo positivo de golos. Ao todo, nos 99 jogos já disputados, o Sp. Braga soma 41 triunfos e 39 derrotas, registando-se ainda dezanove empates. Em matéria de golos, a equipa bracarense apontou 128 golos, sendo que viu as suas redes abanar em 117 ocasiões.

A Liga Europa, conjuntamente com a extinta Taça Uefa, é a prova na qual os minhotos têm maior histórico. O Sp. Braga já disputou por treze vezes a Liga Europa, registando ainda duas participações na Liga dos Campeões. Os minhotos participaram ainda em três edições da Taça das Taças, e disputaram a Taça Intertoto por uma ocasião, na qual viriam a sagrar-se campeões.

HISTÓRICO SP. BRAGA NAS COMPETIÇÕES EUROPEIAS

Liga dos Campeões
18 jogos: 7 vitórias, 2 empates e 9 derrotas

Liga Europa / Taça Uefa
69 jogos: 26 vitórias, 16 empates e 27 derrotas

Intertoto
2 jogos: 2 vitórias

Taça das Taças
10 jogos: 6 vitórias, 1 empate e 3 derrotas

TOTAL | 99 jogos: 41 vitórias, 19 empates e 39 derrotas

Aventura começou há 49 anos: «Não tínhamos uma equipa por aí fora»

A história futebolística do Sp. Braga pelo velho continente começou a ser escrita há 49 anos, em 1966, na extinta Taça das Taças. Numa quarta-feira, a 28 de setembro, os jogadores bracarenses deslocaram-se à Grécia para defrontar o AEK.

José Maria Azevedo, um homem da casa, foi o capitão bracarense nesse jogo. Aos 79 anos fala ao Maisfutebol recordando a estreia europeia do seu Sp. Braga. «Seu» porque o defesa não vestiu outra camisola em toda a carreira.

«Estávamos bem-dispostos, tínhamos conquistado a Taça de Portugal. Fomos de avião e como tínhamos ganho a Taça até íamos convencidos que podíamos fazer mais um bocado de figura. Ganhámos a primeira eliminatória. No sorteio calhou-nos o AEK da Grécia. Ganhámos lá por um a zero e depois em casa parece que foi três a dois o resultado», recorda com algum esforço e um sentimento nostálgico à mistura.

Recordar o onze que venceu no terreno do AEK de Atenas é mais complicado: « Foi o Luciano que marcou o golo, perto da meia hora de jogo. O guarda-redes lembro-me que era o Armando. Depois jogava eu, o Bino, o Estevão e o Perrichon. Esses, tenho a certeza que jogaram, os outros já não consigo precisar».

O Maisfutebol confirmou o onze que disputou o primeiro jogo europeu do Sp. Braga, orientado pelo técnico Fernando Caiado:

Guarda-redes: Armando;
Defesas: Agostinho Oliveira, José Maria Azevedo, Coimbra e José Manuel;
Médios: José Neto, Bino e Mário;
Avançados: Luciano, Estevão e Perrichon.

José Maria Azevedo recorda ao nosso jornal que a equipa foi recebida num clima de euforia na cidade de Braga. «Fomos recebidos pelas pessoas na cidade, estávamos a portar-nos bem», atira com risos. O capitão prossegue: «Foi histórico para o clube e para nós mesmos, que foi a primeira vez numa competição europeia. Não tínhamos uma equipa por aí fora, mas estávamos com muita moral e defrontávamos qualquer equipa.»


Da Champions à final da Liga Europa



18 de maio de 2011. Estádio Aviva, Dublin. Comandado por Domingos Paciência, o Sp. Braga teve na Irlanda a mais longa noite europeia da sua história. Os bracarenses disputaram a final da Liga Europa com o FC Porto, um cenário que até o mais fanático adepto teria dificuldades em perspetivar. Para trás ficaram equipas como o Liverpool e o Benfica.

Antes da caminhada até à final da Liga Europa, os minhotos tiveram aquela que foi a sua primeira participação na Liga dos Campeões. Cartada histórica em Sevilha a dar o apuramento inédito para a fase de grupos da prova milionária, onde ombreou com Arsenal, Partizan e Shakhtar Donetsk.

Dois anos volvidos, os Guerreiros tiveram nova aventura na Liga dos Campeões, na temporada 2012/2013. Desta feita o apuramento foi conseguido em Itália, diante da Udinese, em mais um jogo de nervos que apenas ficou resolvido nas grandes penalidades. Manchester United, Galatasaray e CFR Cluj foram os oponentes do Braga de Peseiro.

Nestas contas do Sp. Braga, está vincado o cunho de António Salvador. Na liderança do clube desde fevereiro de 2003, Salvador foi o obreiro de um Braga que se acostumou a participar nas competições europeias. Antes de Salvador o Braga apurou-se por seis ocasiões para as provas europeias, realizando 22 jogos em europeus em quase oitenta anos. Com Salvador, em pouco mais de uma década os minhotos fizeram 77 jogos europeus.

Uma realidade que José Maria Azevedo vê com agrado. «Agora o Braga tem jogado lá muitas vezes, e diga-se que merece. A nossa cidade tem condições para isso. Antigamente era mais difícil para ir. Ia quem ganhava a taça ou o campeonato, mais ninguém. Agora vai o quarto e o quinto classificado», refere o antigo capitão dos arsenalistas.

Alan: o senhor europa do Sp. Braga



Dentro das quatro linhas salta à vista um nome no que concerne aos jogos europeus do Sp. Braga: Alan. Aos 35 anos, o capitão do Sp. Braga é o jogador que mais jogos realizou com o emblema bracarense nas provas da UEFA. Ao todo, Alan contabiliza 52 jogos europeus com a camisola do Sp. Braga.

De resto, o brasileiro é o jogador com mais experiência acumulada nas competições europeias, contabilizando 62 jogos europeus. Curiosamente, o defesa Arghus é o segundo jogador mais experiente do plantel, uma vez que já disputou 38 jogos europeus ao serviço do Maribor. O brasileiro não está convocado para o jogo em Liberec. Wilson Eduardo fecha o pódio de jogadores com maior andamento europeu, somando 11 jogos.

No que aos jogos do Sp. Braga diz respeito, Vandinho e Rodríguez seguem-se a Alan na lista de jogadores com mais jogos internacionais disputados ao serviço do clube minhoto. Vandinho alinhou em 45 partidas, enquanto que Rodríguez foi utilizado em 37.

Para terminar, José Maria Azevedo faz uma comparação do futebol atual com o seu tempo, num rasgo transgeracional: «O futebol de agora é um comércio, só para ganhar dinheiro. Já ganhávamos dinheiro naquela altura, mas íamos para lá com brio e determinação. Lutávamos até ao fim. Agora não é assim. Antigamente era com brio!», atira o primeiro capitão do Sp. Braga num jogo europeu.