Calamity James ou Calamity Green? O inconstante guarda-redes de Inglaterra perdeu um lugar que parecia cativo, mas todos os corações britânicos devem estar a bater de saudades por David, depois de uma entrada desastrosa de Robert Green na história do Mundial 2010. Inglaterra soluça no arranque, frente aos Estados Unidos da América (1-1).

Green tem 30 anos e não parece. Está verde, como o nome indica. Nem a Jabulani serve de desculpa. O guardião do West Ham baixou-se para travar um remate fraco de Dempsey e errou os cálculos por um belo bocado. A bola não encaixou nas luvas. Bateu numa delas e foi para dentro. Estados Unidos agradecem. Empate moralizador, garantido ainda antes do intervalo (1-1).

Inglaterra entrou melhor, justificando um percurso irrepreensível na fase de qualificação. Fabio Capello arrumou o 4x4x2 com enorme rigidez geométrica. Gerrard e Lampard dividiam espaços no centro do terreno, Rooney teve exclusiva liberdade para queimar linhas e alimentar o experiente Heskey, outro elemento sem consenso nesta selecção.

Emile Heskey provou a sua utilidade em apenas quatro minutos. A bola veio de um lançamento lateral mas fez todo o percurso para a baliza na faixa central. Gerrard arrancou, Lampard tocou para a frente, Rooney deixou seguir e Heskey isolou o capitão do Liverpool, vindo de trás depois de desfazer o quadrado. Início promissor de Inglaterra!

Os Estados Unidos da América responderam pelo ar. À boa imagem do futebol americano, perderam largos minutos a preparar lances de bola parada que colocaram Onyewu em zona de finalização. Contudo, o empate chegaria pelo chão.

Robert Green foi ao tapete. Um KO técnico, sem força, em forma de remate desesperado de Dempsey. O norte-americano trabalhou bem o lance, o pé esquerdo colocou alguma esperança naquela bola, o guarda-redes de Inglaterra fez o resto. Ao minuto 40, um tremendo frango. Capello nem queria acreditar.

O seleccionador de Inglaterra mexera no onze para sacudir a pressão dos Estados Unidos, trocando o amarelado e acinzentado Milner pelo desconcertante Wright-Phillips. Ao intervalo, o treinador italiano recorreu à segunda substituição, King por Carragher, central por central. Faltava uma para apostar tudo no ataque.

Os Estados Unidos entregavam a iniciativa de jogo ao adversário, natural favorito para o encontro disputado no estádio mais compacto deste mundial. Cerca de 38 mil pessoas para lotar o recinto.

Emile Heskey acertou em Tim Howard pouco após o intervalo, Altidore rematou com melhor pontaria mas viu Robert Green desviar para o poste! Os norte-americanos não deixavam Inglaterra atacar sem rédeas, confiando no seu guarda-redes para controlar todos os focos de perigo. Wright-Phillips comprovou isso mesmo, quando teve espaço já na área contrária e perdeu o duelo.

Fabio Capello esperou quase 80 minutos para mexer no ataque. Quando o fez, sacrificou o experiente Heskey para lançar a torre Peter Crouch. Rooney continuava escondido, entre linhas, dando a entender que Inglaterra bateria mesmo no muro norte-americano. Aquele erro de Green custou dois pontos.