Enzo Pérez é uma das figuras do River Plate de Marcelo Gallardo e numa entrevista na Argentina repassou a carreira. Entre as cem perguntas colocadas, várias envolveram o Benfica e alguns dos episódios que o médio viveu no emblema da Luz. A propósito do Mundial de Clubes lembrou jogos com o FC Porto e terminou a falar da proposta do Sporting.
À 18.ª questão colocada, Enzo fez a primeira referência ao Benfica para recordar como Diego Simeone o levou para o Estudiantes de La Plata. «Tinham vendido o José Sosa ao Bayern Munique e como o Cholo jogava em 4x4x2, precisava de um médio direito. Era o Pipa Villar ou eu. Optaram por mim e fiquei no Estudiantes ate junho de 2011, quando me venderam ao Benfica», disse ao La Nacion.
Ora, a pergunta seguinte foi precisamente sobre essa chegada à Luz. Difícil, como explica o internacional argentino que saiu do clube poucos meses depois. «Em Portugal, rompi a cartilagem do joelho, operaram-me a recuperação custou-me imenso. Estava mal da cabeça, animacamente destroçado, porque nunca tinha tido uma paragem tão grande. Estava sozinho com a minha mulher na primeira experiência fora do país e o joelho inflamava...Foi duríssimo. Chorava, não sabia como o joelho ia ficar, queria deixar de jogar. Falei com o presidente do Benfica: "Por favor, deixe-me voltar um semestre ao Estudiantes, tenho de recuperar da cabeça, preciso de afeto." O meu empresário falou com o Bruja [Juan Sebastian Veron, presidente do Estudiantes], deram o OK e nesse primeiro semestre de 2012 joguei no Estudiantes. [...] A minha mulher, Maria Florencia, foi chave, pois apoiou-me até à morte nesses meses.»
A passagem de Enzo Pérez pelo Benfica ficou também marcada pela mudança de posição. Começou por ser extremo-direito, acabou a médio centro. Essa, claro, era uma pergunta obrigatória. «No Godoy Cruz [...] jogava como médio pela direita. [...] No Estudiantes, comecei a 8 [ndr: na Argentina significa uma posição mais adiantada e não um dos dois médios-centro] e depois disse tantas vezes a Alejandro [Sabella] que o meu sonho era ser médio-ofensivo que ele me deu a oportunidade em 2010 e vivi um semestre fantástico, tudo me saía bem. Para além disso, fomos campeões. No Benfica comecei pela direita e Jorge Jesus, hoje treinador do Flamengo, propôs-me jogar de duplo 5 [ndr: na Argentina, jogar com dois médios-centro logo à frente da defesa]. Eu não queria isso por nada, não me via a jogar ali, mas ele disse-me: "Fica tranquilo, vamos treinar, vou mostrar-te vídeos, faremos exercícios depois dos treinos." Acabei por ser o melhor jogador do ano e Jesus tinha razão. Taticamente é um monstro.»
Depois de lembrar a final perdida com o Sevilha, Enzo Pérez foi instado a comentar a relação com Toto Salvio, o qual joga, agora, no rival do River Plate, o Boca Juniors e sobre se havia bocas devido à rivalidade dos dois clubes argentinos: «Não, não, com o Salvio não, éramos companheiros e ponto final. Já com o Nico Gaitán sim, havia mais bocas e comentários.»
Enzo Pérez foi chamado em 2014 para o Mundial do Brasil pelo selecionador argentino, Alejandro Sabella que o timha orientado no Estudiantes. Disse que foi algo surpreendente porque apesar de «estar a jogar muito bem no Benfica, a última convocatória tinha sido em 2012 com o Chile».
O momento mais alto da carreira de Enzo Pérez após a passagem pela Luz foi a conquista da Libertadores da época passada, frente ao Boca Juniors em Madrid. Na sequência disso, os Millonarios foram ao Mundial de Clubes. Aí, o médio acabou por falhar o penálti decisivo e que ditou a eliminação do River Plate na prova. Questionado, Enzo Pérez recordou jogos com o FC Porto.
«São coisas que sucedem, se o guarda-redes se tivesse atirado para o outro lado tinham dito: "Que bem que rematou, que qualidade, meteu a bola mesmo junto ao poste." Algumas pessoas dizem que foi displicente no remate, mas eu sempre rematei de forma igual. Eu não olho para a bola, mas sim para o guarda-redes e, no último momento, decido o lado conforme o que faça o guarda-redes. No Benfica tinha batido três penáltis com o FC Porto, frente ao mesmo guardião e converti os três a rematar de forma exatamente igual, esperando até à última. O que se passou com o Al Ain foi que o guarda-redes aguentou até ao derradeiro momento.»
Como se disse, a entrevista teve 100 perguntas. A última foi para Enzo Pérez dizer que não pensa retirar-se no River Plate, mas sim no Maipú, clube de infância e do local em que nasceu. Na 99.ª, confirmou que o Sporting o quis.
«A única vez que falei sobre uma possível saída do River Plate foi quando o Sporting perguntou por mim. Falaram com o meu empresário e fizeram uma oferta ao River Plate que a recusou. Fizeram outra oferta a mim, que também recusei», concluiu.
