Com Jardel, Garay e Miguel Vítor fora de combate, Javi Garcia recua para central. Eis uma das possibilidades do Benfica em Londres, para defrontar o Chelsea, na Liga dos Campeões. O treinador encarnado já tinha avançado com essa hipótese para o jogo com o Sp. Braga, mas foi Miguel Vítor o companheiro de Luisão, de início. Javi Garcia acabou mesmo a defesa e, conforme o próprio técnico afirmou, não era uma novidade para o espanhol. Por isso mesmo, o Maisfutebol foi pesquisar as raízes do camisola 6 dos encarnados na defesa.

«Jogou comigo muitas vezes a central, é verdade, conhece a posição e pode desempenhá-la bem», diz-nos Miguel Angel Portugal, que orientou Javi Garcia na «cantera» do Real Madrid. E não era uma «cantera» qualquer. Havia nomes como Arbeloa, Jurado, De la Red ou Soldado. Isto apenas nos primeiros tempos. Juan Mata vai defrontar um ex-companheiro do Real Madrid, por exemplo, na quarta-feira.

Só que, provavelmente, o médio do Chelsea não terá a marcação de Javi Garcia, ao contrário do que aconteceu na Luz. «Atuou mais vezes como médio, usava-o quase sempre aí, como central era um recurso», lembra o antigo treinador do Castilla, a equipa B do Real Madrid.

Miguel Angel Portugal conhece as virtudes de Javi Garcia desde jovem. Por isso argumenta que «é um jogador que faz muito bem as coisas porque tem muitos recursos». Ao Maisfutebol, o treinador explica: «É poderoso fisicamente, muito bom no jogo aéreo e, a jogar mais atrás, tem um ângulo de visão melhor para o jogo. Sem tanta pressão do meio-campo, poderá lançar o ataque melhor até. É um médio que jogará mais atrás, por isso pode beneficiar a construção de jogo.»

Em suma, o Benfica pode perder nas rotinas defensivas, porque Javi Garcia tem sido utilizado no meio-campo. Mas pode ter ganhos na qualidade de saída da bola em situações ofensivas.

Na formação em Espanha, o camisola 6 foi moldado para jogar no miolo, mas Miguel Angel Portugal admite que o espanhol tem caraterísticas para se afirmar na defesa. «Sempre se pensou que o Javi Garcia podia dar um grande central, embora acredite que tem mais virtudes como médio. Está mais acostumado ao meio-campo, mas podia ter sido um grande defesa. Aliás, ainda pode», garantiu ao Maisfutebol.

«Nos seniores, creio que Capello o pôs a central»

Na verdade, quando passou à equipa sénior, Javi Garcia fê-lo como «centrocampista». Mas quase todos os que orientaram no Real Madrid testaram-no na defesa. «Lembro-me que, numa das pré-temporadas dele com a equipa principal, jogou quse sempre como defesa-central. Creio que foi Fabio Capello que o colocou a jogar a central nos seniores», afirma Portugal.

Ainda assim, o registo histórico leva-nos mais depressa para Bernd Schuster que para o técnico italiano. Pelo menos, há mais evidências de Javi Garcia a central com o alemão. Provas que também há no Osasuna. Com José Angel Ziganda, o número 6 benfiquista jogou a central, embora esporadicamente.

Ora, que Javi Garcia tem um historial na defesa, não restam dúvidas. Falta falar do que pode o espanhol fazer ao lado de Luisão. Joga na marcação ou mais solto? «O Chelsea é uma equipa perigosa na frente, com Drogba e/ou Torres, mas penso que o Javi Garcia adaptar-se-á bem», começa por declarar Miguel Angel Portugal, sobre o tema.

«Não sei o que pensa o treinador do Benfica, mas sei que o Chelsea joga profundo para Torres e Drogba e o Javi Garcia tem caraterísticas que podem ajudar na marcação», completa o técnico espanhol ao Maisfutebol.

Assim deve ser, com um provável duelo de Javi Garcia com o compatriota de alcunha El Niño, até porque Drogba continua em dúvida para a partida.