Jesualdo Ferreira garante que quando chegou ao Sporting, em dezembro, não ia preparado para a turbulência que viveu e culminou agora com a demissão da direção e a marcação de eleições.

«Infelizmente para mim já passei por esta situação não uma nem duas vezes. Agora, dizer que vinha preparado, não. De todo. Vinha, como vim, para poder exercer uma função que o presidente na altura me falou e que entendo que tenho capacidade para o fazer. Quando surgiu a outra situação, mesmo não sendo minha vontade, também entendi que tinha condições para o fazer», afirmou, na antevisão do jogo com o Marítimo, para depois refoçar a ideia.

«Não vinha preparado para isso, óbvio que não. Também disse que nada disso me assustou. Não fiquei a tremer», garante, para analisar: «As coisas precipitaram-se de uma forma que eu não estava à espera. Mas tudo isso não é mais que os probelmas estruturais que existem no Sporting. Quando cheguei não estava à espera que houvesse uma mudança de treinador, que o Sporting continuasse a perder como estava, que houvesse toda a fricção exterior que existiu, que houvesse um conjunto de situações exteriores à própria administração que tinham a ver com o próprio clube que fosse um confronto e uma guerrilha por forma a cair uma direção e haver novas eleições. Acho que é lógico que eu diga que não estava à espera, ou é assim uma coisa tão espantosa?»

O treinador revela de caminho que Godinho Lopes esteve hoje no balneário para explicar aos jogadores a situação do clube. «É verdade que o senhor Godinho Lopes, para mim ainda presidente, esteve no balneário, e esteve a informar os jogadores do que se passa. Os jogadores não sabiam. Foi escalerer qual é a situação atual do clube. Muitos dos jogadores são jovens, cuja observação das questões não está tão centrada como nós. São muitos estrangeiros que não entendem muito bem a informação. Achei muto bem que fosse infromar qual é o estado da nação atual. Fê-lo de forma direta», revelou.

Jesualdo admite ainda que toda a situação possa ter criado algumas dúvidas nos jogadores, mas garante que não é um assunto que entre no balneário. «Este é um grande clube. Os jogadores têm que estar preparados para todas as circunstâncias posistivas e negativas que podem acontecer numa época. As alterações que têm acontecido no Sporting podem colocar aos jogadores dúvidas, é normal. No dia a dia não se fala nisso.»

O técnico comentou ainda as declarações de Rinaudo em defesa da atual direção e dizendo que a responsabilidade dos maus resultados é da equipa: «Quando o Rinaudo faz essa observação não é para agradar a ninguém. Percebe-se que é uma verdade. O problema dos jogadores está relacionado com o que é estrutural. Nós somos punidos quando não cumprimos, e premiados quando somos bons. Provavelmente isso não se passou no Sporting. Interpretar u m comportamento desses não é fácil. O que temos que entender é os jogadores assumirem essa responsabilidade é muito bom, porque normalmente eles fazem assim (sacode as mãos). A culpa é sempre dos outros. O que um dos capitães disse é um sentimento deles, que não é só dele, é de mais jogadores, e essa co-responsabilização é importante para nós do ponto de vista do próximo futuro.»

Mas Jesualdo diz que o problema do Spoting é mais profundo: «As questões não são só por parte dos jogadores, são também estruturais. É essa a responsabilidade de quem vier. E de quem está, é o que vou fazer na minha área de competências. Mas em relação ao próximo futuro do Sporting muitas coisas têm que ser alteradas, para que depois não venham estas reações a tentar explicar o inexplicável. E o inexplicável é o Sporting estar na posição em que está.»

Por fim, recusou comentar o nome de Figo como hipótese, avançado na imprensa de hoje, ou de qualquer outro candidato: «Depois da pergunta acerca do Figo viria logo outa acerca de outra personalidade qualquer. Não vou entrar nessse jogo.»