Sete jogos, sete derrotas, sete pecados sobre a cabeça de Costinha. Mortais? Talvez a receção ao Vitória Setúbal, na próxima segunda-feira, nos possa dar pistas mais concretas sobre a matéria. Por ora, falemos sobre o 3-0 em Florença: inapelável, justo, natural.

O quadro é feio e nem a visita à mais Renascentista das cidades o atenua. Na brilhante obra dirigida por David Fincher, Seven, a cena final completa o puzzle maléfico de um serial-killer chamado John Doe. A ira toma conta do detetive Mills e a tragédia consome todas as personagens.

No Paços Ferreira o cenário, embora menos sangrento, aproxima-se dessa representação. Tantas derrotas, tantas ilusões desfeitas, só podem potenciar e alimentar esse derradeiro pecado: a ira.

Para sobreviver ao próximo teste, na liga portuguesa, Costinha tem de fazer entender aos jogadores que a recuperação já lá não vai com boas intenções. Ou matam, ou morrem. Para os mais sensíveis, ou ganham, ou o técnico poderá não resistir a mais um desmando.



FICHA DE JOGO

O Paços joga feio? Não, pratica um futebol interessante. O Paços é competitivo? Não, sofre de limitações gravíssimas, nomeadamente no processo defensivo. O primeiro golo da Fiorentina, de resto, é um exemplo perfeito desta insuficiência de concentração.

Após canto na direita, Gonzalo Rodríguez larga o marcador direto (aparentemente Bebé) e surge a cabecear completamente sozinho, a centímetros de Degra. Impossível. E isso numa altura em que o Paços dividia o jogo e até sugeria ser capaz de discutir o resultado.

Os italianos, espertíssimos, até chegaram a baixar as linhas e a dar a bola aos «castores». E isso, fazer circulação, o Paços sabe fazer. O problema é que essa posse é feita de forma lateralizada, nos melhores momentos.

Na frente tudo faltou. O menino Christian Irobiso, que Costinha só lança em jogos da UEFA, é muito verde para estas andanças; Bebé e Hurtado, com algumas boas ações, foram quase sempre facilmente anulados.

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Seja como for, o Paços esteve a perder só por 1-0 até aos 67 minutos. O pior veio depois. Ryder Matos marcou, Giuseppe Rossi imitou-o logo depois e a goleada fez-se anunciar. Valeu ao Paços a retração auto-imposta pela Fiorentina.

Não deixa, ainda assim, de meter impressão a fragilidade emocional da equipa. Com o segundo golo, o Paços tremeu e caiu. Baixou os braços e ansiou pelo fim do jogo. Costinha só nesse instante decidiu mexer na equipa.

As mudanças, porém, pareceram mais para gerir (a pensar no jogo de segunda?) do que para reagir. Não há história que suporte oito pecados seguidos.