O problema do Sporting parece ser mesmo psicológico, ou «mental», como diz Vercauteren. No primeiro jogo da temporada que os leões não precisavam de vencer, sem um pingo de pressão, tirando a proximidade do jogo com o Benfica, a equipa de Alvalade venceu (2-1). Não ficou tudo resolvido, nem serviu para ganhar moral para o derby de segunda-feira, longe disso, mas pelo menos Alvalade pôde esboçar um sorriso na triste despedida europeia. Foi muito forçado, mas pareceu um sorriso.

Vinte e quatro horas depois do «dilúvio», Francky Vercauteren e Paulo Sousa mantiveram intactas as apostas que tinham feito na véspera, mas o belga foi forçado a uma alteração de última hora, depois de André Martins se ter lesionado no aquecimento. Entrou Gelson Fernandes para fazer dupla com Rinaudo no miolo, enquanto o estreante Ricardo Esgaio jogou sobre a direita, com Labyad ao centro e Capel do lado contrário no apoio direto a Viola. Os leões até entraram bem no jogo, mantendo a posse de bola, com passes curtos, e assumindo as rédeas do jogo diante de um Videoton que, já sem nada a ganhar, entrou no jogo na expectativa.

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Os problemas começaram a surgir aos poucos, em crescendo. Em primeiro lugar, uma falta de velocidade gritante, com todos os movimentos ofensivos a serem desmontados facilmente pela defesa do Videoton que, sob o comando de Marco Caneira, nem precisava de se mexer para ganhar a bola. Depois tudo se complicou quando o Videoton subiu no terreno. Às primeiras investidas do húngaros, a defesa leonina tremeu que nem varas verdes, com erros atrás de erros, a tornar ataques inofensivos em oportunidades de ouro para o Videoton.

Dois remates de Sandor, defendidos por Marcelo Boeck, e um «tiro» de Renato Neto, devolvido pela barra, foram as melhores oportunidades do jogo até ao intervalo. Da parte do Sporting, zero, apesar dos esforços de Capel sobre a esquerda, com inúmeros cruzamentos que nunca encontrarem ninguém, com Viola sempre longe da zona de finalização.

Desta vez houve reação

Francky Vercauteren não pode ter gostado do que viu e a verdade é que a equipa mudou de atitude ao intervalo. Não era difícil melhorar, mas logo nos primeiros minutos, a equipa superou o número de remates que tinha acumulado em toda a primeira parte. Quase sempre sem perigo, sem direção ou sem a força necessária, mas pelo menos com intenção. Tentou Insúa, tentou Esgaio, mas foi Viola que desperdiçou a melhor oportunidade, após bom cruzamento de Insúa, atirando para o alto, à boca da baliza, quando só precisava encostar. Começava a cheirar a golo e este chegou, aos 65 minutos, num livre de Insúa que Tujvel não teve mãos para segurar e que Labyad aproveitou para fazer abanar as redes. Alvalade festejou como há muito não festejava.

A equipa soltou-se, reconquistou os adeptos, esteve muito perto do segundo golo, outra vez por Labyad e depois por Esgaio, mas esta equipa foi talhada para sofrer. Depois do melhor período do jogo, na primeira vez que o Videoton chegou à área de Marcelo Boeck, Rinaudo levou a mão à bola e Gyorgy Sandor empatou na conversão da respetiva grande penalidade. Parecia que se estava a cumprir o fado deste leão sem emenda, mas desta vez houve uma reação. Apenas dois minutos depois do empate, o Sporting recuperou a vantagem, num lance trapalhão, concluído por Viola. Logo a seguir Sandor foi expulso por alegada agressão a Capel. Ricardo Esgaio e Viola voltaram a estar perto de um terceiro golo que acabou por não chegar.

Um mês depois do triunfo sobre o S. Braga, os leões voltaram a festejar um triunfo em Alvalade, mas ficaram poucos sinais de otimismo para o «derby» que se segue.