No futebol, como na vida, há (quase) sempre uma primeira vez para tudo. E bem podia reduzir-se, a esta máxima, o triunfo do Barcelona esta noite, em Camp Nou. Os catalães estão em vantagem pela final da Liga dos Campeões e vão a Anfield defender o precioso 3-0 obtido em Espanha, esta quarta-feira.

Há sempre uma primeira vez, sim. Primeiro, para Luis Suárez. Ao nono jogo na Champions esta época, o primeiro golo do uruguaio na competição, aos 26 minutos, permitiu à equipa de Ernesto Valverde iniciar o triunfo.

Depois, uma primeira vez para Messi: o argentino fez o primeiro golo da carreira em jogos oficiais ao Liverpool e dobrou a dose, num livre direto soberbo para o momento da noite.

Por consequência, uma primeira vez para o Barcelona: ao quinto jogo caseiro nas provas europeias ante os ingleses, a primeira vitória. Crucial, a fazer sonhar com Madrid e nova final da liga milionária, quatro anos depois.

Um triunfo com uma mescla de matreirice, sofrimento e classe. O Barcelona sucumbiu várias vezes à pressão do Liverpool, mas fez o mais importante: golos. E só depois deles é que justificou a eficácia. O primeiro apareceu após um revés no Liverpool, privado de Keita aos 24 minutos, por lesão.

Até ao 1-0, foram os visitantes a mostrar garras, ainda que sem todo o heavy metal futebolístico que é reconhecido à equipa de Klopp. O adversário impunha respeito, mas não medo.

O Barcelona teve dificuldades para responder ao sufoco inicial do Liverpool, com o trio de médios pressionante no meio campo ofensivo. Os rasgos individuais de Messi estavam estancados em Fabinho e, quando a bola chegava à área de Alisson, lá estavam Matip, Robertson ou Van Dijk, de forma irrepreensível.

Máximas torcidas pela saída forçada de Keita, que viu já de fora, com Henderson em campo, um cruzamento soberbo de Jordi Alba encontrar Luis Suárez entre os centrais a bater Alisson.

O Liverpool, sem estar na melhor fase, ficou perto do empate aos 36 minutos, mas o penálti em movimento de Sadio Mané, após um passe soberbo de Henderson, errou o alvo. Alívio para o Barcelona, que iria passar por pior no reatamento.

Barcelona-Liverpool: o filme e a ficha do jogo

O exército de Klopp apareceu batalhador na segunda parte e encostou o Barcelona atrás. Raridade para uma equipa que gosta de posse de bola e que poucas vezes gozou dela até Messi aparecer a um quarto de hora do fim para fazer as grandes diferenças.

Até aí, foi Ter Stegen o salvador. Milner, por duas vezes, viu o alemão voar para negar o 1-1 até à hora de jogo. Valverde viu tudo tremido e reforçou o meio campo com a subida de Sergi Roberto, face à entrada do português Nélson Semedo, que rendeu Coutinho.

A mudança trouxe frutos com o tempo e o Barcelona soltou-se, com Messi e Suárez mais móveis na frente. E sete minutos bastaram para o argentino aparecer e resolver. Primeiro, encostou para golo após uma jogada por si iniciada que teve uma sucessão de ressaltos e um remate de Suárez ao ferro. O 2-0 seria, porém, um aperitivo para o prato forte da noite. Aos 82 minutos, um livre direto de Messi bateu Alisson para deixar os catalães bem posicionados pela final. O Liverpool tentou tudo, mas estava em dia não: Firmino, já em campo, viu um remate negado em cima da linha e Salah atirou depois ao ferro.

Para uns, houve primeira vez para tudo: golo 500 do Barcelona na Champions ou o golo 600 da carreira de Messi. Para outros, uma noite a zeros e uma desvantagem desafiante para enfrentar na noite de Anfield.