O Arouca continua a sonhar, mas acordado. A equipa de Lito Vidigal, com uma exibição adulta, eliminou o Heracles e segue para o play-off da Liga Europa, escrevendo mais um capítulo dourado no seu historial.

Perante uma vila engalanada para a estreia europeia, e com 2700 espectadores nas bancadas do municipal de Arouca - com a “comitiva” de adeptos holandeses a contribuir com cerca de 800 pessoas – o conjunto arouquense não viu problemas em vestir o fato-macaco, conseguindo, assim, dominar uma partida em que foi quase sempre superior ao adversário.

O resultado alcançado em Almelo, na primeira mão, dava alguma vantagem à equipa de Lito Vidigal, que, ainda assim, promoveu três alterações em relação à formação que alinhara nesse jogo. Com as entradas de André Santos e Nuno Valente para os lugares de Artur e Adilson, o técnico dava a entender que queria um meio-campo mais consistente e com melhor saída de bola, para evitar o domínio que o Heracles lhe impusera no primeiro jogo desta eliminatória.

Por outro lado, a aposta na maior experiência de Anderson Luís garantia também mais presença do lateral no apoio ao ataque, ainda que o reforço ex-Estoril jogasse adaptado na esquerda da defesa.

Walter perdulário

Os primeiros minutos da partida mostraram que as mudanças surtiram efeito. É verdade que a equipa do Heracles não entrou tão pressionante como fizera em casa, mas o bom posicionamento defensivo dos arouquenses dificultou bastante a chegada à área de Bracali, que não teve de fazer uma única defesa no primeiro tempo.

Por outro lado, desde muito cedo, a equipa de Lito Vidigal mostrou maior facilidade para criar perigo para a baliza holandesa. O primeiro a tentar a sorte foi Zequinha, aos seis minutos,  com o remate perigoso a passar por cima.

Mas foi a partir do minuto 25 – já depois de um período em que o Heracles passou a ter mais posse de bola, ainda que sem criar oportunidades de visar a baliza -, que o Arouca esteve mais perto do golo.

Walter Gonzaléz, duas vezes, surgiu em posição frontal mas os seus remates nunca levaram a direção certa: primeiro, devido ao desvio de um defensor holandês e, depois, com a bola a sair ao lado, quando o paraguaio tinha tempo para tudo, após um excelente trabalho de Zequinha na direita.

Heracles cresce no segundo tempo

Se no jogo realizado na Holanda, o nulo que se registava no marcador ao intervalo era lisonjeiro para o Arouca, desta vez era o Heracles que tinha mais razões para estar satisfeito com o 0-0 com que se chegou ao descanso.

Só que os holandeses chegaram para a etapa complementar com outra atitude e com vontade de dar a volta a uma eliminatória que lhe era desfavorável. Colocando mais velocidade no jogo, a equipa de Almelo baralhou as marcações arouquenses e começou a ter muito maior presença na área contrária.

O primeiro remate enquadrado com a baliza de Bracali registou-se aos 50 minutos, com Kuwas a obrigar Bracali a uma excelente intervenção, num lance que deu o mote para o período mais incisivo da equipa do Heracles.

Percebendo o maior domínio que o adversário estava a conseguir no jogo, Lito Vidigal – que devido a castigo viu o jogo da bancada – reforçou o meio-campo, com a entrada do médio Crivellaro para o lugar de Walter Gonzaléz.

A alteração ajudou o Arouca a estabilizar, passando a conseguir defender mais à frente, e obrigando o Heracles a abrir mais espaço atrás, com Mateus a surgir muitas vezes nas costas do lateral-esquerdo holandês e a conseguir criar algum perigo para a baliza de Bram Castro, que ainda negou o golo a Nuno Valente no último minuto.

Mas se o guardião com nome português conseguiu segurar o nulo, a sua equipa não foi capaz de agarrar um lugar no playoff da Liga Europa, para onde segue um Arouca cada vez mais maduro e a mostrar que não existem limites para o sonho.