Marco Silva teve de apresentar um novo fato à medida do leão para garantir a goleada na visita a Penafiel. O Sporting cresceu de produção após a boa leitura de jogo do seu treinador. Marcou quatro golos em menos de vinte minutos e garantiu o triunfo com naturalidade (0-4).

Slimani bisou após a entrada de Fredy Montero – a dupla de avançados faz sentido contra adversários fechados – e o colombiano teve a oportunidade de regressar aos golos, 300 dias mais tarde. Nani, num toque de classe (após assistência de Montero), fechou a contagem. 

DESTAQUES: O terror na fúria de Slimani

O Penafiel de Rui Quinta resistiu durante pouco mais de uma hora. Foi curto. O Sporting ganha balanço antes de um ciclo exigente e fica à espera dos resultados dos adversários mais diretos. Nem tudo foram boas notícias, ainda assim: Sarr continua a preocupar e André Martins desperdiçou uma bela oportunidade para reclamar o espaço perdido.

No meio não estava a virtude

No primeiro de três jogos consecutivos fora de casa (segue-se o FC Porto para a Taça de Portugal e o Schalke04 para a Liga dos Campeões), Marco Silva terá procurado gerir o índice físico de uma peça fundamental: Adrien Silva. Jonathan Silva também ficou no banco de suplentes, por troca com Jefferson. A meio, André Martins tentou agarrar a oportunidade. Sem sucesso.

O Penafiel, moralizado pelos pontos conquistados nos últimos encontros, manteve a estrutura e beneficiou de um inesperado ascendente no setor intermediário durante largos períodos do jogo. Assim, conseguiu equilibrar os pratos de balança e confirmar in loco a fragilidade de uma unidade leonina: Naby Sarr.

Uma vez mais, Sarr teve preocupantes erros de avaliação. Não se trata apenas de uma questão técnica ou de eventual inexperiência. Ao 16º minuto de jogo, com o lance perfeitamente controlado, o francês decidiu baixar a cabeça pensando que a bola seguiria tranquilamente para Rui Patrício. Guedes tirou proveito mas acabou por falhar, em excelente posição.

Guedes foi a principal referência ofensiva do Penafiel, que baixava as suas linhas sem preocupações estéticas e deixava o ponta-de-lança entregue à sua sorte entre Naby Sarr e Paulo Oliveira. Aldair e MBala garantiam velocidade pelos flancos, partindo de zonas recuadas.

O Sporting, após boa entrada da formação local, respondeu pelas alas e teve uma bela oportunidade para inaugurar a contagem. Carrillo cruzou ao segundo poste e Nani, livre de marcação, cabeceou ao lado. Nani seria aliás a principal seta apontada à baliza de Haghighi ao longo da etapa inicial. O guarda-redes, internacional pelo Irão, denotava insegurança que os leões não conseguiam aproveitar.

Já perto do intervalo, Cédric rematou para nova defesa incompleta de Haghighi, Slimani surgiu para a recarga mas atirou para fora. A equipa de Marco Silva teve oportunidades suficientes para chegar à vantagem, adiando a resolução do problema.

O Penafiel ia mantendo o nulo e resistindo à sucessão de cruzamentos para a sua área, comprovando alguma incapacidade dos laterais para travar Carrillo, Nani e companhia. De qualquer forma, tinha superioridade na zona decisiva, ao centro, com André Martins e João Mário a vestirem a mesma pele, sem um jogador para fazer a ligação que Adrien garantia.

Agitar para abrir

A equipa de Rui Quinta entrou por isso melhor na etapa complementar e só quebrou quando Marco Silva decidiu agitar o encontro, alterando o seu esquema inicial. Ao trocar William e André Martins por Adrien e Montero (minuto 56), o técnico garantiu objetividade no setor intermediário e a essencial alternativa a Slimani na área contrária.

O Sporting passou então a jogar em 4x4x2, com João Mário e Adrien Silva a marcarem o ritmo lado a lado. Bura e Pedro Ribeiro, centrais do Penafiel, depararam-se com um cenário de igualdade numérica e cederam rapidamente.

Após vários cruzamentos mal medidos – os leões nunca sentiram dificuldades em ganhar espaço para tal -, Jefferson subiu no terreno e centrou na perfeição. Minuto 69. Com Montero a concentrar a atenção dos adversários, Slimani veio de trás e finalizou de cabeça, abrindo a porta do cofre.

Marco Silva acertara em cheio. A estratégia do Penafiel ruiu como um baralho de cartas. As pernas não respondiam e este novo Sporting, reorganizado na perfeição, agigantava-se. Em lance rápido, Cedric lançou Slimani, este fugiu a Pedro Ribeiro, resistiu à oposição de Bura e bisou. Grande iniciativa do argelino e tudo resolvido.

Com vinte minutos de jogo pela frente, o triunfo estava garantido mas a tentação era grande, havia espaço e um apetite voraz do leão para ampliar a vantagem. Capel entrou para permitir a Fredy Montero o regressoaos golos – quase dez meses mais tarde. Nani, a passe do colombiano, fechou as contas com um toque de classe. Pareceu fácil, sem o ser. Goleada do Sporting num impressionante sprint final.