Deu empate e até foi justo: o Rio Ave quis mais mas não soube; a Académica foi prudente e quando acreditou já era tarde.

A equipa de Sérgio Conceição somou quarto jogo sem sofrer golos, no terceiro 0-0 dos últimos quatro encontros. Sinal de segurança defensiva, sem dúvida, mas também de alguma limitação na hora de concretizar.

É uma equipa organizada, com bons processos coletivos, mas falta talvez uma pitada do «sangue quente» que Conceição tinha como jogador.   

Ainda não foi desta que o Rio Ave somou terceiro triunfo em casa (só tem dois em todo o campeonato). Não foi por falta de vontade ofensiva. Mas com tanta falta de pontaria é complicado sonhar com mais.

Atacar, atacar


O Rio Ave fartou-se de atacar na primeira parte. Diego Lopes estava com a corda toda e ensaiou quatro ou cinco lances ofensivos que levaram perigo para a zona defensiva academista.

Filipe Augusto tentou acompanhar o entusiasmo do colega e desferiu dois remates perigosos, a rasar a baliza de Ricardo.

Mas quem mais perto esteve de marcar foi Braga, que por três vezes chegou bem perto de festejar o 1-0.

Hassan e Tarantini também estiveram perto do golo, mas a primeira parte foi clara a mostrar que o Rio Ave surgiu frente à Académica com vontade de sobra e pontaria em défice.

Os vila-condenses puseram rapidez no jogo, envolveram várias unidades na ações ofensiva, mas a Académica foi aguentando o ímpeto atacante da equipa da casa.

Com o tempo, a equipa de Sérgio Conceição foi aparecendo no jogo. Nunca teve domínio terriorial na primeira parte, mas uma surpreendente arrancada de Djavan, pela esquerda, quase colocava o marcador num 0-1 contra a corrente.

Não foi o início da viragem (o Rio Ave continuou a mandar no jogo), mas serviu de sinal para uma estratégia «traiçoeira» da Académica, que foi defendendo bem e saía bem (embora não muitas vezes) para o contra-ataque.

Um tiraço de Fernando Alexandre, já perto do intervalo, reforçava os sinais de alarme no lado vila-condense.

Desaceleração

Os primeiros minutos da segunda parte mostraram um Rio Ave menos pressionante. Mas a Académica foi mantendo as suas linhas recuadas, continuando a defender de modo competente.

À imagem do que ocorreu no jogo em Arouca (embora essa partida tenha, claramente, sido de dificuldade menor), a Académica deu prioridade a uma defesa forte e só explorou as saídas rápidas quando sentia risco mínimo na operação.

No avançar do segundo, com a desaceleração de um Rio Ave que claramente «estourou» fisicamente, depois de uma primeira parte de ritmo elevado, a Académica foi crescendo no jogo.

Marcelo Goiano acelerava pelo corredor direito. Diogo Valente fuzilou ao ferro. O jogo estava relançado.

O equilíbrio perdurou até ao final, pelo o empate acaba por se ajustar. Pode saber a pouco ao Rio Ave, que tanto porfiou até ao intervalo. Mas o futebol não é uma soma de ataques: tem a ver com eficácia e, nesse plano, a igualdade foi real.