O FC Porto marcou dez golos no espaço de uma semana - em três jogos - e assistirá confortavelmente ao dérbi entre Benfica e Sporting, como Nuno Espírito Santo pretendia. Nova goleada em Santa Maria da Feira, no reduto do Feirense (0-4). Os dragões encheram a barriga.

Como muda o futebol – e a vida – num curto espaço de tempo. Há uma semana, os adeptos do clube portistas temiam novo empate, desta vez frente ao Sp. Braga. Um miúdo (Rui Pedro) saltou do banco para terminar o jejum.

A fome deu em fartura, em autêntica ceia, própria desta quadra natalícia. Cinco golos ao Leicester, quatro ao Feirense, um natal azul para o FC Porto.

A história do encontro começou a escrever-se desde cedo, com Ícaro a falhar o papel de herói para fazer de vilão. O central brasileiro desperdiçou a primeira oportunidade do jogo, cabeceando por cima da baliza de Casillas, e logo depois fez penálti sobre André Silva.

Passe longo de Óliver, André Silva a ganhar posição com um domínio de peito e Ícaro a colocar o braço sobre o avançado, que caiu em excelente posição. Luís Ferreira assinalou castigo máximo e expulsou o defesa.

Feirense a sofrer e responder com dez

André Silva marcou o segundo penálti consecutivo (após a Liga dos Campeões) e viria, já na segunda parte, a chegar aos nove golos na Liga.

Quatro minutos e José Mota a repensar a vida, em ciclo horrível para o Feirense. O treinador aceitou o risco e recuou Ricardo Dias para o centro da defesa, mantendo a restante estrutura.

A equipa fogaceira mostrou nessa altura a sua melhor face, chegando a incomodar o FC Porto. Viu até uma bola embater no poste, após ensaio rasteiro de Tiago Silva.

Iker Casillas sentiu a sua baliza em risco mas manteve um registo assinalável: sete jogos sem sofrer golos, desde aquele balde de água fria de Lisandro López no clássico do Dragão.

A coesão defensiva explica-se, em grande parte, pela qualidade da dupla formada por Felipe e Marcano. Os dois centrais anularam Karamanos e cooperaram para o terceiro golo do FC Porto, já na etapa complementar. Na sequência de um canto, o brasileiro desviou de cabeça e o espanhol confirmou em cima da linha.

Ivan Marcano, por estes dias capitão do FC Porto, demonstrou nessa altura o seu altruísmo e o bom espírito de grupo. Apontou para Felipe, dizendo que seria ele o autor do tento, embora as imagens apontem para o contrário.

Brahimi em comunhão com os adeptos

A derradeira réstia de esperança do Feirense desapareceu nessa altura, por volta do minuto 51. Para trás tinha ficado outro golo na sequência de uma bola parada, afinal a melhor arma do FC Porto: três remates certeiros nesse cenário.

Entre o penálti de André Silva e os cabeceamentos de Felipe e Marcano houve tempo para novo festejo de Yacine Brahimi. Aproveitando a lesão de Otávio, o argelino responde à titularidade com golos. Já o tinha feito perante o Leicester. Na sequência de um lançamento de linha lateral, recebeu de Jota, dominou e finalizou de pé esquerdo (34m). Fez um gesto simpático para os adeptos e ouviu-os cantarem o seu nome. Tudo sanado.

Foi assim um passeio para o FC Porto? Nem tanto. Há ainda espaço para melhorias, pois o processo ofensivo continua a assentar em passes de meia distância, mais que em lances de envolvimento coletivo. Foi assim, por exemplo, que Óliver lançou André Silva para o lance decisivo.

Óliver assinou uma grande exibição em Santa Maria da feira e continua a demonstrar que o seu lugar é ali, ao centro. Não faz sentido à esquerda.

Já sem Corona e Óliver em campo (substituídos por Herrera e André André), o FC Porto viria finalmente a marcar um golo de bola corrida, em lance com desenho interessante.

André Silva a ameaçar Marega

Alex Telles tabelou com Brahimi, à esquerda, e foi à linha cruzar. André Silva subiu para bisar no encontro, chegando aos nove golos na prova. Está a um de Marega (V. Guimarães), ainda o melhor marcador da Liga.

Nuno Espírito Santo deu ainda mais minutos a Rui Pedro, enquanto o Feirense se preparava para lamber as feridas de mais uma derrota. Tondela e Nacional aproximam-se, José Mota fica sem grande margem de manobra.

Ao cair do pano, Platiny rematou à trave da baliza de Casillas. Seria um golo merecido para a equipa de Santa Maria da Feira, pelo que fez ao longo do encontro.

Tarde pouco feliz para os fogaceiros. Vitória justa e incontestada do FC Porto.