Tiro(s) de pólvora seca no arranque da segunda jornada da Liga 2016/17, com Belenenses e Boavista, dois históricos do futebol português, a empatarem sem golos no Estádio do Restelo.

Num jogo desinteressantes e que se resumiu a ténues esboços de bom futebol, cedo se percebeu que o nulo no marcador seria o desfecho mais previsível da partida.

FILME E FICHA DE JOGO

Perante um Boavista motivado pela entrada na Liga com o pé direito (vitória sobre o Arouca por 2-0 no Bessa), Julio Velázquez estava obrigado a dar melhor réplica do que no Bonfim (0-2) há menos de uma semana, não obstante as muitas baixas e que até (pasme-se!) fizeram com que os lisboetas incluíssem apenas 17 jogadores na ficha de jogo e obrigaram o técnico espanhol a adaptar o ex-Sporting Rosell à posição de lateral direito.

Sem dores de cabeça, Erwin Sánchez repetiu o onze da primeira jornada. Um onze sem brilho, mas competente, bem arrumado e adulto, ciente do que faz em campo. Ciente, acima de tudo, das suas limitações.

Este Boavista não foi construído para deslumbrar, mas parece não apresentar, neste arranque de época, as dores de crescimento do Belenenses, que subiu uns furos em relação ao duelo anterior com o V. Setúbal, mas está ainda a anos-luz do futebol positivo que chegou a produzir com Velázquez na época passada.

Reticências feitas, atalhamos no tempo até à reta final da primeira parte, altura em que os dois conjuntos se soltaram das amarras (ou incapacidade?) e conseguiram criar oportunidades. Cinco minutos foram a antítese, a boia de salvação de uma primeira parte macambúzia.

Primeiro foi Miguel Rosa, esquecido ao segundo poste, a rematar para grande intervenção de Mika, que voltou a mostrar atenção a um cabeceamento de Andric. Pouco depois foi Ventura quem do outro lado brilhou a cabeceamento de Anderson Carvalho.

Duas das grandes equipas nacionais de outrora ofereciam um espetáculo fraco aos poucos adeptos que se deslocaram ao Restelo para assistir ao primeiro jogo oficial dos azuis em casa.

Melhorou na segunda parte. Com André Sousa a ganhar preponderância no meio campo, o Belenenses voltou a estar perto do golo. Andric aproveitou uma segunda bola para rematar à entrada da pequena área. O tiro levava selo de golo, mas Mika opôs-se com a defesa da noite.

Ao Belenenses só o triunfo interessava e Velázquez tirou o desgastado Camará e apostou na irreverência de Sturgeon, regressado agora de uma lesão que o afastou dos Jogos Olímpicos.

O jogo ficou partido. Gracias a Sánchez e Velázquez, que não terão ficado muito agradados com o novo cenário que ajudou a mascarar um pouco a história de uma partida com pouco interesse e que até podia ter pendido para os visitantes, que cresceram na reta final. Não tivesse Fábio Espinho desperdiçado de forma quase escandalosa a palmo e meio das redes de Ventura e os axadrezados ainda levavam para a Invicta os três pontos.

Mas bem que podiam ter ficado cá a noite toda. Nem deu para aquecer.