Cumpriu-se a profecia de Jorge Jesus. É segunda-feira e o Sporting está de facto outra vez em segundo, depois do Benfica cumprir a sua parte, no papel de anfitrião, à primeira visita do Tondela ao Estádio da Luz. Uma exibição tranquila da equipa de Rui Vitória com mais duas assistências de Gaitán [passa a contar com onze, menos três do que Layún] e mais dois golos de Jonas que volta a destacar-se na corrida à Bota de Ouro europeia, com 28 golos, à frente de «monstros» do futebol, como Cristiano Ronaldo (27), Gonzalo Higuaín (27) ou Luis Suárez (26). A verdade é que o Benfica reassumiu o primeiro lugar com autoridade e chegou aos setenta golos na Liga com mais uma goleada.

Confira a FICHA DO JOGO e as notas dos jogadores

Uma goleada que já estava prevista pelo treinador do Sporting, mas era preciso confirmá-la em campo. Era disso mesmo que mais de cinquenta mil adeptos estavam à espera numa segunda-feira no Estádio da Luz, numa noite em que até a águia Vitória escolheu um lugar na bancada para assistir ao espectáculo que aí vinha.

A máquina de Rui Vitória está bem afinada e não acusa a saída de jogadores que vinham sendo preponderantes no grupo. Em Alvalade faltou Júlio César, entrou Ederson sem problemas, agora não havia Renato Sanches, jogou Talisca, com a equipa a assimilar bem a entrada de um novo elemento. Não foi obviamente a mesma coisa mas, lá está, com máquina bem afinada, o Benfica manteve o futebol inclinado para a baliza adversária, com processos simples, a proporcionarem muitas oportunidades junto da baliza de Cláudio Ramos. Rui Vitória fez ainda descansar André Almeida e Samaris, abrindo espaço para as entradas de Nélson Semedo e Fejsa, mas a equipa manteve-se sempre fiel aos seus princípios, esta noite apoiada nos cruzamentos teleguiados de Gaitán para abrir o marcador.

O teste desta noite não era o mmais exigente, diga-se, tendo em conta os jogos que a equipa da Luz fez nas últimas semanas. O Tondela, último classificado na Liga, com apenas treze pontos, visitava pela primeira vez o Estádio da Luz, apresentando no seu escasso currículo três vitórias e, como nota de destaque, um empate no Estádio de Alvalade. Não foram precisos esperar muitos minutos para perceber que a estrutura que Petit montou para este jogo tinha demasiadas debilidades para travar a determinação que o Benfica tinha para voltar ao primeiro lugar. Duas linhas de quatro jogadores, com Bruno Monteiro à frente da defesa, com a missão de ser a sombra de Jonas, e apenas Nathan Junior como homem mais destacado.

Os destaques do jogo: Jonas, mas também Gaitán, Jadel e Mitroglou

Com duas investidas, o Benfica encostou o adversário às cordas e na marcação de um pontapé de canto, aos dez minutos, chegou ao primeiro golo. Cruzamento de Gaitán a colocar a bola na zona de grande penalidade onde surgiu o impetuoso Jardel a cabecear para as redes do Tondela. Estava aberto o caminho para a liderança diante de uma defesa verde e amarela que estava em desequilíbrio desde o início do jogo. Uma triangulação, entre Pizzi, Talisca e Gaitán permitiu ao argentino novo cruzamento teleguiado, exatamente para o mesmo sítio do primeiro, desta vez para Jonas, que só precisou de puxar atrás o pé esquerdo para fazer o segundo da noite. Tudo muito fácil diante de um Tondela perdido em campo que não conseguia fazer mais de dois passes sem perder a bola.

Sem fazer uma exibição exuberante, o Benfica tinha o jogo completamente sob controlo. Emerson chegou ao intervalo sem fazer uma defesa e a maior emoção que sentiu foi ver a bola passar, uns bons metros acima da sua trave, disparada de muito longe por Nathan Junior. O Benfica também não criou muitas mais oportunidades, mas o que fez já dava para adivinhar o resultado volumoso que aí vinha.

Jonas a correr para a Bota, Mitroglou a «fugir» do Bessa

O Tondela ainda procurou surpreender no arranque da segunda parte, mas com escassos argumentos. O Benfica tinha de facto o jogo sob controlo e Rui Vitória não perdeu tempo em assumir a gestão, abdicando primeiro de Talisca [podia ter aproveitado melhor a oportunidade e o elan do golo em São Petersburgo], para a entrada de Salvio, e, logo a seguir, de Gaitán para a ovação da noite, até porque entrou um dos meninos queridos da Luz, Gonçalo Guedes.

Alterações tranquilas porque, nesta altura, o jogo voltava a ter um sentido único, a baliza de Cláudio Ramos. Sucederam-se as oportunidades, com o Benfica a chegar facilmente à área. Mitroglou tentou de calcanhar, depois também tentaram, Pizzi, Salvio, Gonçalo Guedes, mas foi o inevitável Jonas a marcar o terceiro. Um golo importante, uma vez que coloca o avançado do Benfica destacado na corrida à Bota de Ouro, com 28 golos, mais um do que Cristiano Ronaldo (Real Madrid) e Higuaín (Nápoles) e mais dois do que Suárez (Barcelona). Um golo que nasceu num lançamento lateral, com um primeiro desvio de Jardel e o segundo, decisivo, de Jonas. O objetivo estava mais do que alcançado a vinte minutos do final.

Vinte minutos de festa nas bancadas, com os jogadores a tentarem corresponder nos relvado com nota artística, com um Tondela sempre desequilibrado, a fazer pouco mais do que evitar um resultado mais pesado do que aquele que tinha consentido na primeira volta em Aveiro (0-4).

O Benfica criou várias oportunidades para aumentar o pecúlio e, quando parecia estar a levantar o pé, Mitroglou saiu disparado, passou entre os centrais em «sprint» e bateu Cláudio Ramos pela quarta vez. Um golo festejado pelo grego sem camisola, o que o afasta do jogo do Bessa, tal como Jardel, mas que o deixa «limpo» para a receção ao Sp. Braga dentro de quinze dias. Nesta altura, o Benfica já vai conhecer o adversário dos quartos de final da Liga dos Campeões e terá já uma ideia mais precisa de como será esta ponta final da temporada.

A fechar o jogo, o golo de honra do Tondela, marcado por Nathan, a concluir um rápido contra-ataque conduzido por Luís Alberto.

A verdade é que o Benfica, sem dificuldades de maior, está de novo no primeiro lugar e mais determinado do que nunca a não o deixar fugir.