Do dilúvio de Arouca sobressaiu a eficácia da equipa da casa, que castigou dois erros defensivos do Tondela para voltar, seis jornadas depois, às vitórias na I Liga (2-0). Basso e Bukia foram os autores dos golos, mas a figura do jogo esteve sempre na baliza arouquense, Victor Braga, um muro intransponível para os avançados adversários.

Não fosse o caso de ali se ir disputar uma partida de futebol, o Municipal de Arouca seria palco perfeito para um momento de introspeção. De uma certa melancolia até, que a chuva a contrastar na luz dos holofotes e as folhas levadas em enxurrada pelo vento forte davam um toque precioso.

Só que havia mesmo um jogo para disputar, entre um Arouca que não vencia há sete jogos, seis dos quais para a I Liga, e um Tondela que, ainda que vindo de uma derrota com o FC Porto, jogava com o conforto classificativo e com as boas sensações que as suas exibições vinham deixando até então.

As condições atmosféricas moldaram um pouco o destino da primeira parte. Se os pontapés de baliza de Victor Braga tinham dificuldade em atingir a linha do meio-campo, dado o vento contra, a relva molhada, mas não encharcada, dava velocidade ao jogo, sobretudo ao ataque do Arouca, que tinha em André Silva o principal desequilibrador.

Aliás, seria o avançado a “cavar” o penálti que deu vantagem aos locais, convertido por Basso, isto depois de Leandro ter visto um golo ser-lhe anulado, por fora de jogo. Encarnando o nome de batismo, Salvador Agra foi em busca de resgatar o Tondela, mas Victor Braga, com duas grandes defesas, refreou-lhe os impulsos.

O dilúvio intensificou-se na segunda parte, e aí nem o equipamento de comunicação do árbitro, Luís Godinho, se salvou. Por entre a logística da troca de intercomunicador, Pako Ayestaran mexeu a triplicar na equipa, impulsionado pela lesão do lateral Neto Borges, mas um erro de palmatória de Sagnan, que perdeu a bola para Bukia em zona proibida, resultaria no 2-0 para os locais.

Tal como na primeira parte, Salvador Agra ofereceu-se para o resgate, mas Victor Braga esteve intratável na baliza do Arouca, tenho-lhe negado pela terceira vez o golo com uma grande defesa.

Na compensação, uns penosos sete minutos (que o digam os adeptos do Tondela, totalmente encharcados pela chuva), Dadashov podia ter reduzido, num lance em que Victor Braga mostrou bons reflexos, e Pité foi expulso. O resultado, esse, não se alterou.