Confira a FICHA DO JOGO
O clássico começou nas bancadas ainda antes da bola começar a rolar, com troca de insultos entre adeptos a deixar claro que, apesar de tudo, a rivalidade entre os dois emblemas que lutam pelo estatuto de «quarto grande» continua bem presente. Petit tinha anunciado, de forma convicta, que era esta noite que o Boavista ia alcançar a primeira vitória fora de casa e a verdade é que a equipa do Bessa entrou bem no jogo, com um bloco alto a colocar muitas problemas ao Belenenses que sentia dificuldades em sair a jogar. Um erro de João Meira proporcionou a primeira oportunidade a Uchebe que se destacou diante de Matt Jones, mas o avançado nigeriano permitiu a interceção do guarda-redes dos «azuis».
A chuva aumentou de intensidade, tal como o jogo, com o Belenenses a subir também em bloco e a obrigar o Boavista a refrear o ímpeto inicial. Com Miguel Rosa a voar no flanco esquerdo, nasceu o primeiro golo do jogo, aos 14 minutos, com o médio a cruzar tenso. Sturgeon não chegou na zona central, mas Deyverson, com toda a calma do mundo, atirou a contar. Uma vantagem que não durou mais de dois minutos. Bola ao centro e o Boavista empatou depois de um erro crasso de Bruno China que lançou Brito para o golo do empate. O jogo estava quente, com parada e resposta no relvado, e a contínua troca de insultos nas bancadas, mas o Belenenses estava claramente a crescer.
O Boavista ainda teve uma oportunidade para passar para a frente no marcador quando Zé Manuel desceu pela direita e cruzou tenso. Gonçalo Brandão cortou a bola, mas quase traiu Matt Jones que teve de se esticar para evitar o autogolo. Foi o último suspiro dos «axadrezados» que, até aqui, tinham feito valer o maior poderio físico (com a estreia de Reuben Gabriel ganharam ainda mais uns centímetros). Mas o Belenenses, nesta altura, já era mais equipa. Enquanto a equipa do Bessa afunilava todo o jogo para Uchebe, os «azuis» abriam uma frente de ataque alargada com Fredy, Sturgeon e Miguel Rosa no apoio a Deyverson.
Com mais dois golos de rajada a superioridade do Belenenses passou a traduzir-se, com lógica, no marcador. O primeiro, aos 30 minutos, surgiu numa iniciativa de Sturgeon que percorreu toda a zona frontal para entregar o golo a Deyverson que, com um remate seco e colocado, passou a destacar-se no segundo lugar da lista dos melhores marcadores da Liga. O segundo, quatro minutos depois, saiu outra vez dos pés de Sturgeon que desceu até à linha e cruzou com peso e medida para a cabeçada certeira de Miguel Rosa.
Gestão em tons de azul
Os «azuis» tinham agora o jogo totalmente sob controlo, até porque o Boavista desequilibrou-se nos minutos seguintes, procurando nova reação, diante de um adversário que já estava em «modo» contra-ataque, procurando explorar o muito espaço que a equipa dos «quadradinhos» deixava no seu meio-campo defensivo.
O Boavista voltou a entrar forte na segunda parte, com uma equipa aguerrida, à imagem do seu treinador, mas sem conseguir incomodar o adversário que agora jogava sem pressa, com um futebol pensado. O jogo perdeu o fulgor da primeira parte, com um Belenenses a gerir e um Boavista demasiado dependente das iniciativas de Brito que ainda esteve perto de reduzir, num lance individual, mas que nunca exibiu argumentos para poder nivelar o resultado. Tal como na primeira parte, os «azuis» voltaram a crescer e, até final, podiam ter marcado mais golos. O jogo já não teve o fulgor da primeira parte e só aqueceu nas bancadas, com problemas entre adeptos do Boavista e a polícia.
Uma vitória que lança o Belenenses para um surpreendente quarto lugar, de braço dado com o Paços de Ferreira e à frente do Sporting, enquanto Boavista continua lá por baixo, com apenas sete pontos e sem a perspetiva de melhoras a curto prazo.
Leia ainda:
Os destaques do jogo: Deyverson entre os grandes, mas Miguel Rosa e Sturgeon também brilharam
Melhores marcadores: Deyverson iguala Jackson e ameaça Talisca
Deyverson: «Não só eu, mas todo o Belenenses está de parabéns»
Vidigal e o quarto lugar: «Estava pouca gente à espera disto»
Petit desiludido: «Valeu a eficácia do Belenenses»