Num final de jogo eletrizante no Estádio do Bessa, o Farense resgatou a vitória frente ao Boavista com dois golos em tempo de compensação (1-3). Robert Bozeník, aos 86 minutos, anulou a vantagem dada por Elves Baldé aos visitantes, mas Fabrício Isidoro e Rafael Barbosa, ambos lançados a partir do banco na segunda parte, confirmaram o triunfo com dois golos para lá do minuto 90.

O último, de Rafael Barbosa, é uma verdadeira obra de arte e acabou em beleza a terceira vitória seguida do Farense no campeonato, iniciada num balde de água fria para a pantera, aos 29 minutos, quando uma ação de Chidozie entregou o golo a... Baldé.

Sem Petit no banco no seu 350.º jogo como treinador principal (por castigo), o Boavista, que manteve o onze em relação ao jogo de Vila do Conde, começou aos poucos a impor-se jogo. Fê-lo ao longo dos primeiros 15/20 minutos, circulando a bola com um misto de paciência e qualidade à procura de chegar à área defensiva do Farense.

Porém, e apesar da boa circulação e espaços encontrados entre Seba Pérez, Reisinho, Makouta ou Masa, não houve lugar a grandes oportunidades. A melhor e mais vistosa foi logo a abrir, aos quatro minutos, com uma boa receção de Tiago Morais e cruzamento atrasado para Bozeník ficar a centímetros de um belo golo.

O Farense procurou equilibrar forças no campo, mas teve dificuldades (sobretudo ofensivas) e só obrigou João Gonçalves a alguma ação ao fim de um segundo canto seguido: o guardião socou uma bola bem chegada à baliza aos 17 minutos, por Elves Baldé, única novidade no onze inicial do Farense e que faria estragos ao minuto 29.

Estragos, corrija-se, aproveitamento do estrago que o Boavista causou a si próprio. Depois de uma bola longa de Talocha à procura de Elves Baldé nas costas de Agra e Chidozie, o central e João Gonçalves desentenderam-se e, quando o guardião ia arrumar o lance ao agarrar a bola, o nigeriano tocou de cabeça e ofereceu a finalização fácil ao guineense.

Uma oferta. Um autêntico Baldé de água fria para a pantera, que entrou em algum desnorte depois do golo sofrido. O Farense ganhou confiança, mais capacidade de estar no meio-campo ofensivo e teve a melhor ocasião para novo golo, em cima do intervalo. Em dois para um num contra-ataque, Baldé deveu a si melhor conclusão.

Por essa altura, já Makouta tinha saído no Boavista (40m), Luís dos Santos entrou para a direita, com Masa a passar para o meio, mais perto de Reisinho e Seba Pérez. A alteração ainda permitiu agitar e dar sinais da reação da pantera, mas o resultado manteve-se para a segunda parte.

Esta começou praticamente com mais uma boa ocasião para o Farense: Belloumi teve corredor direito livre e obrigou João Gonçalves a uma defesa difícil (47m). O Boavista, aos poucos, foi tentando organizar-se para ir em busca do empate e Abascal ficou perto (52m), carecendo de melhor finalização na área.

Pouco depois, Filipe Ferreira, Martim Tavares e Berna foram a jogo, José Mota respondeu com Cáseres e Rui Costa, mas a verdade é que o Boavista não ia conseguindo criar clara superioridade e verdadeiro perigo para empatar, perante um Farense que foi mantendo confiança coletiva no que fazia, certeza e segurança defensiva, esforço e – também quando foi preciso – um pouco de capacidade de sacrifício para manter a vantagem. Espreitando criar perigo quando saía rápido.

Mas foi preciso esperar pelos dez minutos finais do jogo para verdadeira emoção e vertigem. Bozeník acentuou a veia goleadora esta época a empatar num belo remate de pé esquerdo após passe de Martim Tavares, mas quando parecia ser o Boavista a empolgar-se para uma possível reviravolta, o Farense acabou o jogo em festa, com um remate certeiro de Fabrício Isidoro após um alívio de Chidozie (90+2m) e Rafael Barbosa a guardar o melhor para o fim: já depois de uma bola de Rui Costa ao poste, assinou um espetacular remate em arco para o 3-1.

Para o Boavista, são seis jornadas seguidas sem vencer e o Farense, na melhor fase da época, ultrapassa a pantera (16 para 15 pontos), numa tarde que foi desde o Baldé de água fria para a pantera até à obra de arte de Rafael Barbosa.