Sérgio Conceição ensaiou uma verdadeira revolução na Reboleira, mas teve de emendar a mão depois de uma lesão madrugadora de Iván Marcano e outra de Evanilson. Taremi, que tinha começado o jogo no banco, acabou por marcar o golo solitário que lança o FC Porto para a liderança destacada na Liga, mas voltou a jogar «pouquinho» e teve de sofrer com intensidade até final para segurar a vitória assente no golo isolado do iraniano que não fazia parte dos planos iniciais da revolução desenhada por Conceição na paragem do campeonato.
Temos de começar pelo onze revolucionário de Sérgio Conceição que não chegou propriamente a ser testado em campo. O treinador do FC Porto promoveu oito alterações em relação ao traumático empate com o Arouca, com sete jogadores a estrearem-se como titulares, numa equipa com três reforços de início, numa estrutura com três centrais e dois extremos nas laterais.
Mais do que as muitas mudanças de nomes na ficha do jogo, destacava-se, no início do jogo, uma mudança na estrutura, com três centrais, com destaque para o regresso de David Carmo, quase um ano depois de ter somado os últimos minutos, em outubro de 2022. Sobre as alas, o treinador do FC Porto prescindiu dos laterais, para lançar dois extremos, Gonçalo Borges e Galeno, num onze que, pelo menos no papel, parecia bem mais ofensivo.
No meio-campo, Iván Jaime, o último reforço a chegar, André Franco e Alan Varela também foram novidades, enquanto no ataque Conceição juntou Fran Navarro a Evanilson, deixando Mehdi Taremi, que estava ainda em branco esta época na Liga, no banco de suplentes.
Um plano arrojado, mas que não chegou propriamente a ser testado, uma vez que, logo num dos primeiros lances do jogo, aos 4 minutos, Iván Marcano lesionou-se e Sérgio Conceição, sem mais centrais no banco, teve de mudar quase tudo.
Num início frenético de jogo, o treinador do FC Porto reconstruiu a defesa a quatro, com a entrada de Wendell para a esquerda, deixando Gonçalo Borges no lado contrário com o apoio de André Franco que passou a jogar mais descaído sobre a direita. Mas enquanto se registavam estas mudanças, João Pinheiro chegou a assinalar um penálti favorável ao Estrela por alegada falta de Pepe sobre Léo Jabá. O árbitro, depois de ver as imagens, acabou por reverter a decisão, mas, logo a seguir, Conceição teve mais um problema para resolver, uma vez que Evanílson também se lesionou e cedeu o lugar a Taremi.
Taremi entra e marca
No meio de todas estas mudanças, o jogo estava endiabrado, com o FC Porto a atacar com uma frente alargada, com Gonçalo Borges sempre em evidência sobre a direita, e o Estrela a responder com transições rápidas. Ronald Pereira esteve muito perto de abrir o marcador num remate à entrada da área que sofreu um ressalto em Wendell e quase traiu Diogo Costa, mas foi o FC Porto o primeiro a festejar. Um passe vertical de Pepe destacou Taremi na área e, com o Estrela a pedir fora de jogo, o avançado iraniano, moralizado com os golos na seleção, atirou a contar, com a bola a ir ainda ao poste antes de entrar.
O Estrela protestou, mas não baixou os braços e continuou a responder aos ataques do FC Porto, com transições muito perigosas, com Léo Cordeiro determinante neste capítulo, com passes bem medidos a explorar a velocidade dos dois Ronaldos do Estrela.
O jogo prolongava-se do relvado para as bancadas, onde se registaram problemas na zona onde estavam os SuperDragões e mesmo para fora do estádio, onde um grupo de adeptos do Benfica, num prédio adjacente, exibiu uma faixa gigante com a palavra «campeões». No relvado prosseguia uma intensa luta, num jogo aberto, de parada e resposta.
O FC Porto teve oportunidades para dobrar a vantagem, com destaque para um remate falhado de Gonçalo Borges após assistência de André Franco, mas o Estrela também podia ter empatado nos nove minutos de compensação, com destaque para um remate de Léo Cordeiro e, sobretudo, para uma arrancada de Ronald Pereira que levou tudo à frente, deixou Alan Varela nas costas, invadiu a área, mas atirou à figura de Diogo Costa.
FC Porto recua e sofre
Apesar de todos os revezes, o FC Porto chegava ao intervalo em vantagem, mas o Estrela voltou a entrar forte na segunda parte e, com um grupo muito sólido, começava a expor a falta de rotinas do onze revolucionário de Conceição. Agora era a equipa da casa que assumia as rédeas do jogo, diante de um FC Porto mais contido que procurava responder com transições rápidas.
A verdade é que o Estrela foi ficando mais forte com as alterações promovidas a partir do banco, sobretudo com a entrada de Régis que ofereceu um novo fôlego ao ataque da equipa de Sérgio Vieira. O FC Porto recuava em toda a largura e acabou por conseguir retirar profundidade ao adversário que, com os minutos a correrem para o final, foi perdendo discernimento, sem conseguir voltar a exibir a ousadia que tão bem tinha demonstrado no primeiro tempo.
O jogo arrastou-se até ao final, Ronald Pereira ainda ensaiou mais uma arrancada fenomenal, Alan Varela também evitou o empate em cima da linha de golo, mas o resultado, com apenas cinco minutos de compensação (9 na primeira parte), não voltou a sofrer alterações e o FC Porto é líder destacado na Liga, pelo menos até domingo, dia em que o Sporting entra em campo [o Boavista fecha.a ronda na segunda-feira].