Uma história que se tem repetido quase a cada jornada. O FC Porto foi superior, dominou todo o encontro, mas voltou a desperdiçar golos e sai do dérbi em casa do Boavista com apenas um ponto, depois de um empate a uma bola.
No final, o público dos dragões fez-se sentir e pediu à equipa que jogasse mais - um pedido que se arrasta há semanas. Ouviram-se vários assobios e essas são as feridas que ficam. As feridas causadas pela pantera.
Um dérbi com muitas baixas
Sérgio Conceição fez regressar Pepe ao onze depois de cumprido o castigo, mas o central até esteve ligado ao golo sofrido. Além disso, Marko Grujic foi titular no lugar de Alan Varela e também teve uma exibição que deixou a desejar. Por fim, sem Mehdi Taremi, foi Evanilson quem fez companhia no ataque a Toni Martínez.
Do lado boavisteiro, com as condicionantes que têm existido, as dificuldades foram maiores. Chidozie e Bruno já estão com as seleções a preparar o CAN e Agra lesionou-se na última ronda em Barcelos, tendo obrigado a mexidas no onze.
À semelhança do filme que se viu na jornada passada, o FC Porto dominou a primeira parte, mas voltou a esbarrar na barreira defensiva do adversário, tendo revelado dificuldades para criar ocasiões de golo – uma constante esta temporada.
Apesar disso, não se podia colocar em causa que os dragões estavam por cima no dérbi, até porque o Boavista também pouco ou nada conseguiu criar até ao golo. Os axadrezados dispuseram de espaço para ferir a defensiva portista no contra-ataque, mas não souberam como aproveitá-lo.
Embora não tenha sido com um domínio avassalador, o ímpeto inicial dos dragões traduziu-se em golo pouco depois dos 20 minutos. Toni Martínez, que repetiu a titularidade, ameaçou na sequência de um canto, mas à segunda não perdoou. Num lance muito confuso na área, que surge após um belo passe de Eustáquio, Evanilson correspondeu de calcanhar ao cruzamento de Pepê, Abascal evitou o golo em cima da linha, mas Toni Martínez ainda estava livre na pequena área e só precisou de encostar.
Era a melhor fase do FC Porto no encontro e o que se seguiu cinco minutos depois foi um «balde de água fria». Marko Grujic cometeu uma falta à entrada da área e deu-se um momento de completa distração, aproveitado de maneira eficaz pelos boavisteiros. Tiago Morais bateu o livre, Pepe e Grujic ficaram demasiado recuados face aos restantes colegas e deram liberdade a Bruno Lourenço que, solto de marcação, cabeceou para o empate.
O empate abalou os dragões e abrandou o ritmo da equipa de Sérgio Conceição, que até podiam ter sofrido a reviravolta pouco depois – valeu Diogo Costa.
FC Porto insiste, Boavista resiste
Sabendo de antemão do resultado do Sporting no arranque da jornada, o FC Porto entrou na segunda parte com uma postura de equipa que queria evitar que o líder cavasse diferenças na tabela.
A equipa de Conceição teve ainda mais bola, encostou o Boavista atrás e somou algumas oportunidades flagrantes. Porém, os remates saíram desenquadrados com a baliza ou, quando iam ao alvo, não levavam a potência desejada.
O Boavista, espremido ao máximo, fez valer o seu espírito combativo e resistiu como pôde. Se, na primeira parte, já tinha evidenciado dificuldades em sair para o ataque rápido, a equipa de Ricardo Paiva ainda esteve uns furos mais abaixo nesse capítulo, sobretudo porque Bozeník não conseguiu dar seguimento aos lances.
Na reta final, Conceição apostou em todas as fichas para o ataque, sem se importar de desequilibrar a equipa atrás, até porque o Boavista, com o desgaste acumulado, não conseguia melindrar os portistas.
Perto do minuto 90, Ibrahima Camará viu vermelho direto após desentender-se com um adversário. Em inferioridade numérica, o Boavista encostou-se ainda mais à linha da grande área, enquanto o FC Porto carregou de toda a forma e feitio, mas não conseguiu traduzir isso em golos.
E, no final, não se livrou de muitos assobios dos adeptos. Assobios porque o Sporting já fugiu na tabela, o Benfica pode fazer o mesmo e o Sp. Braga pode... apanhar os dragões. E a próxima jornada reserva um duelo entre portistas e minhotos. Promete.