Fechado. Depois de um último dia alucinante, encerrou nas principais Ligas europeias a janela de mercado que bateu recordes de gastos, à custa da Premier League e do fenómeno dos milhões da Arábia Saudita – onde aliás o mercado ainda não fechou. Está aberto até 20 de setembro, o que não deve deixar descansado nenhum treinador ou adepto. O último dia de mercado teve muitos negócios sonantes, com novos destinos para vários internacionais portugueses. João Félix e João Cancelo rumaram ao Barcelona, ambos por empréstimo, enquanto Matheus Nunes assinou pelo Manchester City. Em Portugal, o último dia foi animado pelo Benfica, que também foi o principal gastador da Liga. Do lado das receitas, o Sporting é o campeão de vendas deste defeso em Portugal.

O lateral Juan Bernat, cedido pelo PSG, foi o reforço de última hora na Luz, juntando-se aos investimentos em Kokçu, Arthur Cabral, Jurasek e Trubin, num total de 69 milhões de euros, num defeso em que os campeões nacionais garantiram ainda o regresso de Di María, a custo zero. No último dia ficaram também confirmadas as saídas de Vlachodimos e Ristic, num verão em que, ao contrário dos últimos anos, as águias não fizeram um grande encaixe financeiro imediato – Gonçalo Ramos saiu para o PSG, mas a compra só será formalizada na próxima época.

O Sporting, por seu lado, garantiu encaixes significativos com a venda de Ugarte ao PSG e com o acerto das contas da transferência de Porro. As saídas de Chermiti, Tiago Tomás ou Arthur contribuíram para um encaixe total estimado em 123 milhões de euros, o que coloca os leões no top 15 dos clubes que mais ganharam neste defeso, segundo a estimativa do site especializado Transfermarkt. Os leões, que resolveram de resto vários casos de excedentários com novos empréstimos, também fizeram um investimento forte em alvos específicos para as posições mais carenciadas – para a frente Gyokeres, para o meio-campo Hjulmand e por fim Iván Fresneda para o lado direito da defesa, num investimento total a rondar os 50 milhões de euros.

O FC Porto segurou Taremi no fecho do mercado, mas viu partir um dos pilares da equipa. Otávio juntou-se a Cristiano Ronaldo na Arábia Saudita, num negócio de 60 milhões de euros. Os dragões investiram o equivalente a metade desse valor em reforços. Depois de Nico González, Alan Varela e Fran Navarro, contrataram Ivan Jaime ao Famalicão. A fechar, voltou a «casa» Francisco Conceição, cedido pelo Ajax.

Outro dos protagonistas da Liga foi o Sp. Braga, com uma aposta clara neste defeso, marcado pela chegada de nomes sonantes e sem saídas de peso. As contratações de Zalazar ou de Bruma em definitivo representam os principais gastos, ainda assim bem inferiores aos dos tradicionais «grandes», mas na Pedreira juntou-se um notável lote de «senadores» do futebol português, reforçado pela chegada de João Moutinho, depois de José Fonte e Rony Lopes.

Todas as entradas e saídas da Liga em 2023/24

A roda dos milhões entre Inglaterra, a Arábia e Paris

As transferências de Ugarte e Otávio entram no top 20 das mais caras da temporada – pode ver aqui a lista completa. Mas estão longe do topo, num verão louco quando falamos do dinheiro que circulou em transferências. À espera das contas oficiais da FIFA, que divulga regularmente esses dados, é possível para já estimar que este tenha sido um verão de recordes – a dois dias do fecho do mercado, o Transfermarkt calculava que já tinha sido batido o anterior máximo estabelecido em 2019, que era de 7.5 mil milhões de euros.

Este mercado foi inflacionado, obviamente, pelo poço sem fundo que representa a aposta da Arábia Saudita. Mas quem liderou os gastos, de muito longe, foi a Premier League.

Os clubes ingleses gastaram qualquer coisa como 2.7 milhões de euros, quase tanto como as outras quatro grandes Ligas juntas. Mais uma vez foi o Chelsea a liderar o investimento – os Blues superaram os 450 milhões de euros gastos, o que eleva para cima de mil milhões o dinheiro que já despenderam desde a aquisição do clube por um consórcio norte-americano em maio de 2022.

Stamford Bridge voltou a ser uma placa giratória neste verão, de entradas e saídas. O Chelsea também foi o clube que mais dinheiro fez em vendas, mas ainda assim tem um saldo claramente negativo nesta janela, na ordem dos 200 milhões de euros.

Entre os 10 clubes que mais gastaram, seis são ingleses. Depois há três sauditas, com o Al Hilal de Jorge Jesus à cabeça, após investir mais de 350 milhões de euros para levar jogadores como Neymar e o português Rúben Neves, mas também Malcom, Milinkovic-Savic, Mitrovic, Bono ou Koulibaly. Mas também está na lista o Al-Nassr de Cristiano Ronaldo, agora orientado por Luís Castro e reforçado com Otávio, que se tornou o terceiro internacional português no futebol saudita. 

A Arábia Saudita já investiu algo como 846 milhões de euros e promete não ficar por aqui. Continua a aliciar craques, a alimentar manchetes e a prosseguir a estratégia de promoção pela via desportiva, com propostas como a que foi noticiada por Mohamed Salah, números astronómicos recusados até agora pelo Liverpool. 

O PSG completa o top 10, com um investimento próximo dos 350 milhões de euros, depois de mais um verão de inúmeras movimentações, entre entradas e saídas. Messi e Neymar lideraram o contingente de jogadores que deixaram Paris em definitivo e houve muitas saídas temporárias, como a de Bernat para o Benfica ou Renato Sanches para a Roma. Houve negócios a adiar custos, como o de Gonçalo Ramos, mas os parisienses também gastaram muito – fecharam a janela de transferências aliás a investir 95 milhões de euros em Muolo Kuani.

Liderada pelo PSG, a Liga francesa foi aquela que mais gastou depois da Premier League, cerca de 900 milhões de euros na estimativa do Transfermarkt. A seguir vem Itália, com 845 milhões, depois a Bundesliga, com cerca de 750 milhões, e por fim a Liga espanhola, pouco acima dos 400 milhões. Nesta estimativa, a Liga portuguesa tem gastos a rondar os 200 milhões de euros.

Os clubes que mais gastaram:

1. Chelsea, 464.10 milhões de euros

2. Al-Hilal, 353.10

3. PSG, 349.50

4. Tottenham, 248.60

5. Manchester City, 241.10

6. Arsenal, 234.90

7. Manchester United, 206.70

8. Al-Ahli, 184.18

9. Liverpool, 172

10. Al-Nassr, 165.10

Os clubes que mais ganharam

1. Chelsea, 264.20 milhões de euros

2. Leipzig, 240.70

3. Brighton, 187.45

4. Southampton, 176.30

5. Bayern Munique, 173.25

6. Wolverhampton, 167.70

7. West Ham, 156.40

8. Ajax, 156.40

9. Atalanta, 143.50

10. Rennes, 143.50

*Dados estimados pelo site Transfermarkt