Histórico!

Sofrimento, astúcia e inteligência. E muita, muita felicidade. Assim se pode descrever, em poucas palavras, a primeira vitória do Marítimo em casa do FC Porto em toda a sua história (2-3).

O dragão perde desde já os primeiros pontos na Liga e pode ver os rivais diretos ganharem terreno na luta pelo título, embora seja prematuro fazer essas contas.

O campeão nacional não fez jus ao estatuto alcançado na época passada e foi, sem surpresa, que se apanhou em desvantagem ao minuto 24. Nem parecia uma equipa típica de Lito Vidigal: circulação da esquerda para a direita até Winck descobrir Pinho que, driblou Mbemba, e bateu Diogo Costa (titular no lugar do lesionado Marchesín.

Os insulares apresentaram-se com uma linha de cinco, mas procuraram jogar e sair pelos corredores laterais sempre que possível. Apenas se colocaram numa trincheira à entrada da sua área a partir da hora de jogo e quando o marcador assinalava 2-1.  

Houve transpiração, mas pouca inspiração. O emblema portista teve mais ascendente que os insulares (mais remates, mais posse de bola, enfim), mas raramente incomodou Amir na primeira meia hora. O golo sofrido teve o condão de agitar os azuis e brancos que começaram, verdadeiramente, a incomodar a última linha do Marítimo. Corona e Manafá (o melhor do FC Porto) viram o iraniano negar-lhe o empate.

O FC Porto da era Conceição tem uma virtude que poucas equipas na Liga se podem gabar de ter: poder de fogo nas bolas paradas. Num canto cobrado por Alex Telles, Pepe fugiu a Renê e cabeceou para o empate.

Ordem e lógica, aparentemente, restabelecidas.

Ainda que Conceição não tenha alterado nada ao intervalo, o FC Porto parecia melhor: pressionava mais alto e obrigava o Marítimo a errar. Foi assim que Díaz surgiu solto na área e atirou por cima.

Os madeirenses não ficaram inibidos com o fogo do dragão no recomeço. Continuaram fieis à sua estratégica e acabaram por chegar a nova vantagem. Na recarga a um livre, Getterson fez estremecer a baliza portista e Pinho aproveitou para marcar quando Diogo Costa estava caído.

Só deu FC Porto, FC Porto e FC Porto na meia-hora final. O campeão nacional sentiu o orgulho ferido, colocou Taremi e Zé Luís no ataque e encostou o Marítimo à sua área. Teve uma mão cheia de oportunidades claras para igualar e até ganhar, mas a noite foi de Amir.

O iraniano ganhou asas na baliza, é verdade, mas teve ajuda vital de Renê. O defesa brasileiro impediu sobre a linha o desvio feliz de Taremi - o VAR considera que a bola não entra totalmente. Ainda que o FC Porto tenha culpa própria no resultado final, este lance foi sintomático da infelicidade que teve após o 1-2. Mais tarde, a três minutos do final, Irmer travou Marega na área e Rui Costa apitou para a marcar de penálti. No entanto, o especialista Alex Telles permitiu a defesa a Amir.

Incrível!

 Rui Costa deu dez minutos de descontos (e bem, tendo em conta as lesões dos jogadores insulares) e quando se esperava que o FC Porto conseguisse, pelo menos, o empate… Nanu enviou uma «bomba» para o fundo da baliza de Diogo Costa. 1-3.

O melhor que o Dragão conseguiu foi reduzir num belo golo de Otávio, mas a noite era dos madeirenses. Um jogo emotivo que não envergonhou, de todo, o futebol português.