Foi preciso um ganso espicaçado para interromper a série de dez jornadas sem perder do Moreirense. Num embate inédito, o Casa Pia impôs-se em casa dos cónegos (1-4) no jogo de encerramento da jornada: mesmo não tendo entrado bem no jogo, ao sofrer logo nos minutos iniciais, os gansos atingem a maior goleada da sua história na Liga.

Sem André Luís – o capitão está de malas feitas para mudar de ares – foi Matheus Aiás, que o máximo que tinha jogado até agora tinha sido dezasseis minutos, a assumir a dianteira do ataque do Moreirense, uma das sensações da Liga. E a realidade é que o brasileiro precisou apenas de catorze minutos para finalizar com sucesso, correspondendo ao cruzamento com as medidas certas de Camacho.

Num cenário de imenso frio no Minho, com as bancadas a nem chegar ao milhar de espectadores e sem o mínimo contexto de principal escalão, parecia encaminhado mais um resultado positivo da equipa de Rui Borges, mas acabou por ser a eficácia do Casa Pia, com alguma felicidade à mistura, a ditar leis.

Os gansos responderam de pronto, empataram em apenas quatro minutos e saíram para o intervalo a vencer por três bolas a uma. O primeiro golo tem assinatura de Soma, a meias com uns rabiscos de Maracás. O nipónico encheu o pé de fora da área, Maracás desvia ao tentar intercetar e acaba por fazer um autêntico chapéu a Kewin.

Poucos minutos volvidos e foi Felippe a operar a cambalhota no marcador ao aparecer isolado na cara do guardião cónego. O passe de Neto, a partir da última linha de construção do Casa Pia, cruza todos o tabuleiro, Clayton ilude a marcação, e o colega acaba por ter todas as condições para faturar. Foi o que fez, sem marcação, abanou as redes.

AO MINUTO: as incidências do jogo

Não se conseguia recompor o Moreirense, acabando por sofrer o terceiro num lance de bola parada. Livre cobrado para a área, onde aparece João Nunes a ganhar a toda a gente, desviando para com sucesso. Terceiro golo do Casa Pia de forma impensável, com pouca produtividade, mas com aproveitamento máximo.

Uma síndrome que se manteve. Nem o chá do intervalo serviu para aquecer os motores dos cónegos, que não carburaram. Já o Casa Pia, tranquilo no jogo, sempre equilibrado e a fazer uma leitura realista do jogo, não foi em erros desnecessários, controlou as operações e foi gerindo as incidências.

Com um Felippe Cardoso inspirado no ataque – voltou a marcar quase quatro meses depois – os gansos ampliaram ainda mais a vantagem inscrevendo um marco no seu histórico de participações no principal escalão do futebol português: marcaram pela primeira vez quatro golos numa partida.

O último, o golo histórico, surge num lance individual do atacante brasileiro que bisou na parida. Triunfo que permite ao Casa Pia ultrapassar quatro oponentes na tabela classificativa, fugindo à zona da confusão para se instalar a meio da tabela. Ao fim de dez jornadas o Moreirense volta a perder no campeonato, cedendo terreno para a frente e perdendo para trás.