Dez anos depois, o F.C. Porto volta a qualificar-se para as meias-finais da Liga dos Campeões, com um saboroso empate «disfarçado» de vitória (2-2). Mais uma noite para a História, mais uma prova de que a equipa de José Mourinho não facilita, mesmo tendo entrado no Gerland com algum nervosismo, rapidamente ultrapassado.
A vantagem obtida no primeiro jogo com o Lyon permitia aos «dragões» uma grande margem para sonharem com a qualificação mas, tal como se esperava, os franceses entraram dispostos a controlar a partida e a marcar cedo. Paul Le Guen colocou Juninho na missão de auxílio aos dois avançados, uma estratégia que apanhou os «azuis e brancos» desprevenidos. O lado direito da defesa ficou descompensado, porque Paulo Ferreira esteve muitas vezes na zona central, o que deu a Malouda a possibilidade de subir, conseguindo o espaço que queria para cruzar para a área.
O perigo espreitava a baliza de Baía, mas já depois de um golo anulado a Luyindula por um fora-de-jogo milimétrico, o F.C. Porto seria o primeiro a marcar, numa altura em que o adversário ia dominando e na sequência de uma jogada de contra-ataque, bem conduzida por Carlos Alberto, que passou ainda por Deco e, depois de um passe genial do luso-brasileiro terminou num grande golo de Maniche. Tudo ficava mais difícil para o Lyon, mas a esperança não morrera. E aproveitando a tal «auto-estrada» no lado direito da defesa do F.C. Porto (que Alenitchev ainda ia tentando tapar, mas sem grandes resultados), aos 13 minutos Malouda fez um cruzamento atrasado para a área, Luyindula não desperdiçou e relançou a esperança dos gauleses.
A partir daí, e até perto dos 35 minutos, o Lyon pressionou intensamente o F.C. Porto. A descompensação na defesa ficou resolvida quando Costinha recuou para a zona central e os «azuis e brancos» conseguiram «apagar» os principais focos de instabilidade junto à sua área. Vítor Baia fazia o resto, segurando, com grande tranquilidade as «bombas» de Juninho. A falta de pontaria de Élber e dos seus colegas também ajudava nessa fase, permitindo aos portugueses manterem a igualdade. E no final da primeira parte o Lyon quebrou um pouco e a equipa de José Mourinho passou a dominar as operações.
KO de Maniche logo no recomeço
Um domínio que não foi interrompido com o intervalo e que voltou a materializar-se em mais um soberbo golo de Maniche, aproveitando um novo passe-maravilha de Deco. O Lyon mostrava cada vez que, ao querer jogar ao ataque, falhava na defesa. Os laterais subiam demasiado e não conseguiam recuar quando era tempo de defender. Já depois do golo, Mourinho fez sair Carlos Alberto para fazer entrar Pedro Emanuel, voltando a ter assim igualdade na área sem ter de desguarnecer outros sectores.
Com a eliminatória praticamente resolvida (só um milagre levaria o Lyon à necessária goleada), a partida perdeu alguma velocidade e o F.C. Porto brilhou pela forma como conseguiu controlar a bola, continuando a ameaçar, a espaços, a baliza de Coupet. As substituições levadas a cabo por Paul Le Guen não foram suficientes para dar à sua equipa a alma que tinha evidenciado durante os primeiros 35 minutos. Mourinho começou então a pensar no jogo com o Marítimo (saiu primeiro McCarthy e depois Deco), mas não perdeu o domínio da partida.
O que já era fácil tornou-se ainda mais simples com a expulsão de Edmilson, aos 73 minutos, e o golo de Élber, no último minuto, não foi mais do que um acidente de percurso, que impediu uma vitória sempre saborada, mas não que a eliminatória terminasse com vantagem clara da melhor equipa ao longo de 180 minutos. O desfecho estava feito, a meia-final era uma realidade. Talvez não a última.