António Conceição, novo selecionador dos Camarões, pretende injetar o «sentimento», a «alma» e a «ambição» na seleção africana de outrora, como nos tempos de ilustres como Samuel Eto’o ou Roger Milla.

«[Queremos] procurar sensibilizar as pessoas que estão à frente da seleção, no sentido de dar condições aos jogadores, para que eles venham com sentimento, alma e com ambição de procurar injetar a seleção o que já teve nos tempos de Roger Milla e Samuel Eto’o», atirou, em declarações à agência Lusa.

Sucessor de Clarence Seedorf, despedido depois da Taça das Nações Africanas (CAN) realizada no Egito, o luso de 57 anos define dois grandes objetivos: «A realidade dos Camarões é tentar ganhar o CAN – que já venceram cinco vezes – e depois tentar chegar à fase final do campeonato do mundo, mas, para isso, temos que fazer a fase de qualificação.»

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Para voltar a colocar os Camarões na linha da frente no panorama africano, António Conceição tem como primeira grande oportunidade o CAN 2020, já que os «leões indomáveis» são os anfitriões da competição. Para isso é necessário, porém, reverter os recentes resultados negativos. «O importante para isso será sensibilizar o grupo de trabalho, mudar algumas formas de pensar, pois sabemos que a seleção tem tido alguns problemas no passado, de logística e de condições, e é nesse sentido que vai incidir o nosso trabalho», explicou.

O vencedor da Segunda Liga por duas ocasiões, que por último treinou os romenos do Cluj, tem estreia marcada no banco a 12 de outubro frente à Tunísia, em embate particular. Teste que António Conceição vai aproveitar para trabalhar na «mentalidade dos jogadores» e definir ideias: «[O particular] vai incidir sobre a mentalidade dos jogadores, sensibilizá-los e potenciar as ideias e os caminhos que a seleção pode traçar», revelou, não escondendo mesmo que existe alguma «acomodação» dos atletas em relação aos respetivos lugares na seleção.
 
«Às vezes há alguma acomodação por parte dos atletas, sabendo que não há muitas alternativas, mas no caso dos Camarões não é bem assim porque há muitas soluções. Há um leque alargado de jogadores que podem fazer parte da seleção e há outros que ainda não foram detetados.»
 
Pela primeira ao comando duma seleção, estando maioritariamente ligado a clubes portugueses e romenos, António Conceição não esconde que tem pela frente «uma tarefa que não é fácil», mas, em simultâneo, reconheceu que tem a «oportunidade de orientar uma das melhores seleções africanas.»