A boa campanha da equipa do Olhanense tem feito sonhar os adeptos e responsáveis da equipa, que já piscam o olho à Liga Europa. À cautela, e para não ser apanhado desprevenido, o presidente Isidoro Sousa formalizou a candidatura do clube ás competições europeias, estando prevista uma inspecção ao Estádio José Arcanjo na próxima semana.

Menos eufórico parece estar o treinador Daúto Faquirá, que pensa primeiro na manutenção, o principal objectivo. «É importante mirarmos acima do alvo para atingirmos esse alvo. É importante termos ambição e entrarmos nas guerras com o pensamento mais alto possível, mas mais importante do que isso é sermos pragmáticos e não colocarmos a fasquia para além da realidade. Se olharmos para os últimos campeonatos, devem faltar-nos três pontos para conseguirmos a manutenção. A partir daí, é natural e compreensível que haja essa euforia porque em Olhão os adeptos vivem muito o clube, com intensidade, e estão a gostar da nossa campanha¿mas eu, enquanto treinador e olhando com frieza para essas questões, digo que é óptimo que haja esta comunhão entre a equipa e a cidade mas o importante é conseguir os nossos objectivos. Existem outras equipas com outras condições, o campeonato é longo e é natural que essas equipas acabem por fazer valer mesmo as mais valias que têm. Este discurso não tem nada a ver com falta de ambição e vamos procurar ir o mais longe possível, mas passo a passo, porque também é preciso ver que temos que criar também infra-estruturas. Foi-me pedido um desafio de sustentabilidade para criar condições para que o clube se mantenha na primeira liga por mais dois/três anos, para depois se poder pensar noutras questões. Andar a colocar cenários hipotéticos que estão desfasados daquilo que é a realidade não é o caminho mais correcto. Só temos um campo para treinar, o clube subiu muito depressa e não acompanhou em infra-estruturas esse crescimento», pensa Faquirá.

No entender do treinador do Olhanense, o objectivo Europa só será efectivo se o clube continuar como está... em Maio: «Assumo que esse não é o objectivo prioritário do Olhanense. Agora, se chegarmos a Maio e estivermos a dois pontos desse objectivo, como agora, claro, porque isso é uma questão de valorização pessoal. Se deve ser esse o objectivo principal do clube? Acho que não. Nunca falámos sobre isso no grupo, nem quando estivemos em terceiro lugar. Houve sempre um discurso o mais pragmático possível, de acordo com a realidade. Mas os objectivos vão sempre sendo redefinidos. Actualmente já não nos preocupamos tanto em olhar para baixo mas para cima. É normal, é a ambição que faz parte do trabalho e da vida e olhando para equipas que jogamos recentemente e que têm os mesmos objectivos que nós, como o Leiria, a Académica, Setúbal... eles, nunca foram superiores a nós, tanto em casa como fora. Se ficarmos á frente deles, óptimo. Isto é redefinição de objectivos.»