A tenista portuguesa Michelle Larcher de Brito atingiu esta quarta-feira o ponto mais alto da sua carreira ao bater Maria Sharapova, número três do ranking mundial, na segunda eliminatória do Torneio de Wimbledon. Um marco de relevo no percurso da tenista que nasceu há vinte anos em Lisboa, filha de um pai angolano e de uma mãe sul-africana, mas que arrastou a família para os Estados Unidos, aos 9 anos, para dar continuidade a uma promissora carreira com a raquete.

Incentivada pelo pai, a pequena Micaela Carolina [Michele é nome artístico], deu cartas em todos os escalões, desde os três anos, até se tornar profissional em 2007, ano em que também se tornou na primeira tenista portuguesa a chegar a uma meia-final de um evento da ITF (International Tennis Federation) e logo no Masters Series de Miami, considero o quinto «Grand Slam».

Antes disso, em 2002, com nove anos, mudou-se para o Estados Unidos, para Bradenton, na Florida, para ser treinada por Nick Bolletieri, ao longo de cinco anos, até se tornar profissional. Desde então, tem sido treinada pelo pai, o principal impulsionador na carreira da jovem tenista.

Nessa primeira aventura internacional, também se tornou na primeira tenista portuguesa a bater uma jogadora do top-20 do ranking mundial, ao afastar a polaca Agnieszka Radwanska (16ª do Mundo). A façanha permitiu estrear-se no ranking WTA, aos 14 anos, como nº 364, na altura sem ninguém mais jovem à sua frente.

No ano seguinte, com quinze anos, estreou-se no Estoril Open em abril e em junho falhou a primeira tentativa para chegar ao quadro principal de Wimbledon, mas voltou a bater uma tenista do top-20 no Torneio de Montréal, ao bater a italiana Flávia Pennetta, na altura 18ª do ranking mundial. Na altura já se notabilizava pelos gritos que deixava no court, ao estilo de Maria Sharapova, Monica Seles ou Victoria Azarenka.

«Se fosse a Maria Sharapova, não lhe dizia nada»

Já em 2009, começou a temporada no Open da Austrália e estreou-se na Fed Cup, ajudando Portugal a subir de divisão. Nesse mesmo ano, Michelle Brito passou três eliminatórias de Rolland Garros e acabou por ser afastada por Aravane Rezai num jogo marcado por alguma polémica depois da tenista francesa ter protestado junto do árbitro pelos gritos habituais de Michelle de Brito. A jogadora portuguesa acabou por responder à chamada de atenção do árbitro para moderar os seus gritos, dizendo-lhe que «se fosse a Maria Sharapova, não lhe dizia nada». Em julho do mesmo ano atingiu o seu melhor ranking de sempre, sendo a 76ª do WTA .

Não foi a primeira vez que os gritos de Michelle Brito foram motivo de polémica e alguns adversários chegaram-na a acusar de usar os gritos como táctica de distração. «Ninguém me pode dizer para parar de gritar. O ténis é um desporto individual. Se quiserem multar-me, multem, prefiro ser multada do que perder um jogo por ter parado de gritar. Se é inconveniente para os outros, não posso fazer anda. Estou aqui para ganhar. Só isso. Quem não gostar, pode sair», referiu a tenista portuguesa.

Em 2010 ainda disputou duas eliminatórias de Grand Slams, em Wimbledon e no US Open, mas nos dois anos seguintes nunca passou dos qualifiyngs. Já este ano, jogou a primeira eliminatória do Open da Austrália, falhou a entrada principal de Rolland Garros, mas qualificou-se para o quadro principal de Wimbledon onde agora está a dar cartas. É a atual 131ª do ranking WTA.