Lembra-se de Miguel Maia? E se juntarmos o nome de João Brenha? Um dos elementos da dupla de volei de praia que agarrou os portugueses aos ecrãs de televisão nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e de Sidney (2000) acabou de sagrar-se campeão nacional de voleibol, com o Sp. Espinho, pela 15ª vez na sua carreira, aos 41 anos! Um caso raro de longevidade, numa carreira com mais de 24 anos ao mais alto nível, que pode continuar a surpreender, uma vez que o veterano campeão, depois do título, renovou o seu contrato por mais três anos.
«Enquanto tiver prazer vou continuar a jogar», contou o «distribuidor» ao Maisfutebol, estabelecendo como meta prosseguir em atividade até ao centenário do Sp. Espinho, marcado para 2014. «Para já é isso, espero não ter nenhuma lesão que me obrigue a parar. Sou um profissional, quando sentir que já não posso dar o meu melhor paro, mas para já sinto-me em condições. Será uma data marcante para o clube e espero conseguir juntar mais alguns títulos à minha conta pessoal e à do clube também».
Sporting de Espinho é campeão nacional
O primeiro título data de 1989, então no Académico de Espinho, com um jovem Miguel Maia com apenas 17 anos. Quase um quarto de século depois, novo título, o 15º na sua carreira, em pleno pavilhão da Luz, frente ao poderoso Benfica. «Este foi um título especial. Tínhamos objetivos curtos no início da época devido à atual situação no campeonato. A nossa equipa não tinha nível, tínhamos bastantes jogadores jovens, sem experiência. Os candidatos ao título estavam muito fortes, tinham jogadores experientes e um orçamento incomparavelmente mais alto. Por isso tudo foi especial», contou.
O Sp. Espinho perdeu o primeiro jogo, na Luz (1-3), mas venceu e casa (3-1) e foi à Luz reclamar o título na negra (3-2). «O jogo a reviravolta foi o mais importante, não podíamos perder em casa. Mostrámos que estávamos na luta e o Benfica ficou intimidado. Na Luz fomos gerindo o jogo ponto a ponto, sempre muito concentrados em não falhar», recordou.
Um percurso que o «distribuidor» faz agora sem a sua «sombra», João Brenha, apesar da relação prosseguir intensa. Os dois companheiros gerem uma academia de voleibol e continuam a ver-se quase todos os dias. «Mantemos uma relação diária de amizade e de trabalho, estamos sempre em atividade desportiva e jogamos muitas vezes juntos. Passámos muita coisa juntos, é uma amizade para a vida».
Uma dupla que não deixa herdeiros. Miguel Maia, apesar de reconhecer talento entre os jovens com quem joga, não acredita que haja espaço para, nos próximos tempos, surgir uma nova dupla com o mesmo sucesso. «Penso que será bastante difícil por tudo o que nós conseguimos, não vai ser fácil repetir. Não basta a qualidade, é preciso muita perseverança e participar em muitas provas. Nós conseguimos o que conseguimos porque íamos a todos os torneios», contou.
Além disso, a modalidade, como o país, passa por um dos momentos mais difíceis de sempre. «O voleibol estagnou em Portugal, baixou em todos os aspetos, principalmente a nível financeiro. Não há dinheiro para profissionais. O Sp. Espinho é um bom exemplo. Conquistarmos o título nas condições em que o fizemos é ainda mais especial», referiu ainda o veterano «distribuidor».