Tita é um massagista já bastante conhecido no futebol brasileiro. Funcionário do Cruzeiro, já trabalhou, por exemplo, com o benfiquista Luisão, quando o central atuava no clube mineiro. «Parabéns Tita… Emocionante ver a conquista desse veio», comentou, feliz, o benfiquista no Twitter.

Edmar António da Silva (todos no futebol o conhecem por Tita) é o massagista do Cruzeiro e foi convocado para a Seleção Brasileira pela primeira vez, para o duplo compromisso na Ásia com a Coreia do Sul e a Zâmbia (na China).

Esta quinta-feira, Tita sentou-se na mesa da conferência de Imprensa onde Luiz Felipe Scolari anunciou os 23 convocados. Foi um dia tão feliz para ele que até parecia uma criança a contar a sua história: «Sou da Pedreira Prado Lopes, fui criado na rua, passei muitas dificuldades, muitos apertos e necessidades. Já morei dentro de caixa de papelão, catava resto de comida dos bandejões, ia comer na feira dos produtores, mas nunca desviei uma agulha de ninguém, nunca dei um prejuízo a ninguém. Deus é maior, o Homem hoje está me dando um retorno», disse Tita, emocionado.

O massagista revelou que morava na favela até 2001, quando o técnico Luiz Felipe Scolari, naquela época no Cruzeiro, o ajudou a comprar um apartamento. Tita não esconde a felicidade de poder trabalhar novamente com o amigo Felipão. «Nessa época eu morava na Vila São José, em um barracãozinho do tamanho de uma dessas cabines de transmissão que vocês trabalham. O Felipão quis me levar em casa um dia, porque eu estava carregando nas costas uma cesta básica pesada, e, quando viu onde eu morava, falou ‘você não pode morar aí’. Naquele ano, a gente foi campeão da Sul-Minas contra o Coritiba e o Felipão me deu todo o bicho dele, eram 18 mil reais. Os outros jogadores também inteiraram e eu pude comprar um apartamento, saí da favela. O Felipão só tem cara de sargentão, mas é gente fina», brincou.

«Quero agradecer a todos vocês pelo carinho comigo, a paciência de me tolerar. A emoção é muito grande, não estou cabendo dentro de mim mesmo. Achei até que era pegadinha de primeiro de abril. A vida é assim, notícias boas e ruins acontecem. Vou fazer o máximo para honrar o nome do clube, da minha família e do nosso estado. Estou tipo gente grande aqui, é muito legal. Meu objetivo é ser lembrado para a Copa do Mundo e oferecer o título mundial para os moleques de rua. Vou trabalhar com afinco, sem derrubar ninguém. Não sou calculadora, mas eu vou para somar», comentou.

Hoje Tita tem 55 anos. Mas ainda não se esqueceu das dificuldades que viveu: «O filme vem na minha cabeça, quando com oito anos cheguei na Lagoinha para engraxar sapato, com aperto, e estar chegando onde estou chegando. Eu tenho sonhos maiores, e é conquistar o Mundial, e oferecer para as crianças pobres, porque tem muitos que não ajudam e eu vou ajudar trazendo alegria».