Deschamps contra Mourinho em Gelsenkirchen, na final da Liga dos Campeões. Dois treinadores da nova geração, com passado antagónico. Na Alemanha, na final de todos os sonhos para portistas e franceses, vão estar sentados nos bancos dois dos mais apetecidos técnicos da actualidade. O português está referenciado pelo milionário Chelsea, curiosamente eliminado pelo Mónaco esta quarta-feira. O antigo internacional gaulês já recusou uma proposta da Juventus para substituir Marcelo Lippi, o catedrático treinador da vecchia signora.
Altamente cotados no mercado, Deschamps e Mourinho são muito diferentes no percurso que os levaram aos bancos de Mónaco e F.C. Porto. O português, que não teve grande sucesso como futebolista, tendo passado por clubes como o Belenenses e o Rio Ave, começou como adjunto de Bobby Robson no Sporting, acompanhou-o até às Antas e depois partiu numa aventura chamada Barcelona. Na capital da Catalunha, resistiu à saída do inglês e ficou com Van Gaal. O primeiro clube de Mourinho como treinador principal foi o Benfica, mas não resistiu à promessa eleitoral de Vilarinho em fazer regressar Toni. Foi para Leiria, fez um bom meio-trabalho e assinou pelos «dragões». Bi-campeão, uma Taça de Portugal, a Taça UEFA e a final da Liga dos Campeões para já. Invejável!
No que diz respeito a Deschamps, 103 internacionalizações pela França dizem quase tudo. Médio de grande sentido táctico, com passagem por clubes como o Nantes (quatro épocas e meia), Marselha (de Dezembro de 1989 a Maio de 1990), Bordéus (1990/91), novamente Marselha (três temporadas), Juventus (cinco anos), Chelsea (1999/2000) e Valência (2000/01). Ao todo, foram 269 jogos na liga francesa (13 golos), 113 na Serie A italiana (cinco golos), 21 em Inglaterra, e 64 na Liga dos Campeões e 12 na Taça das Taças. Didier sagrou-se campeão do Mundo em 1998 e da Europa em 2000. Venceu ainda a Liga dos Campeões em 1993 e 1996, a Supertaça Europeia e a Taça Intercontinental em 1996. Somou ainda dois títulos franceses, três italianos, uma taça e duas Supertaças de Itália. Será exagero dizer que Deschamps respira futebol por todos os poros?
Como treinador, Deschamps começou no Mónaco. Depois de uma temporada decepcionante da equipa, em 2001/02, com a 15ª posição da liga, Deschamps protagonizou uma autêntica revolução na equipa. Segundo lugar na liga francesa em 2002/03, a dois pontos do Lyon a quatro jornadas do final esta temporada. A final da Liga dos Campeões é o prémio maior para o seu trabalho.
Porque Deschamps era gigante no relvado e Mourinho nem por isso, o melhor mesmo é agradecer por já não jogarem.